domingo, 5 de maio de 2024

O Franco Atirador

Título no Brasil: O Franco Atirador
Título Original: The Deer Hunter
Ano de Produção: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: EMI Films, Universal Pictures
Direção: Michael Cimino
Roteiro: Michael Cimino, Deric Washburn
Elenco: Robert De Niro, Meryl Streep, Christopher Walken, John Cazale, John Savage, George Dzundza

Sinopse:
Um grupo de amigos de uma cidade industrial dos Estados Unidos é enviado para a Guerra do Vietnã. No país asiático são feitos prisioneiros, submetidos a torturas físicas e psicológicas. A guerra cria traumas praticamente impossíveis de superar, afetando a vida de todos eles. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, melhor direção, melhor ator coadjuvante (Christopher Walken) e melhor som. Também premiado pelo Globo de Ouro na categoria de melhor filme.

Comentários:
Esse filme foi o grande vencedor do Oscar no ano de 1978. Foi premiado em categorias importantes, inclusive melhor filme, melhor direção e melhor ator coadjuvante (Christopher Walken). O roteiro é nitidamente dividido em três grandes atos. No primeiro é mostrado a vida dos jovens amigos antes da guerra. Eles trabalham em uma indústria pesada de sua cidade. A vida é dura, mas há momentos de felicidade, como o casamento de um deles antes de ir para a guerra do Vietnã. No segundo ato temos os personagens visitando o inferno no sudeste asiático. A guerra no Vietnã se mostra um beco sem saída. Eles são capturados pelos inimigos e submetidos a torturas, inclusive um jogo de vida ou morte com roleta russa. Enquanto os americanos puxam o gatilho contra a cabeça, os vietcongues apostam em quem vai sobreviver. O terceiro e último ato mostra o retorno de Michael (Robert De Niro) aos Estados Unidos. Ele é o único que consegue sair são e salvo do Vietnã. Tentando recomeçar sua vida ele tenta iniciar um romance com Linda (Meryl Streep), que trabalha em um supermercado da cidade. O caso entre eles porém nunca consegue decolar. Esse filme traz todas as qualidades e defeitos que marcaram a filmografia de Michael Cimino. Entre suas qualidades estava o domínio de mostrar cenas bem elaboradas, envolvendo um grande número de atores. De seus defeitos podemos perceber o corte excessivo do filme, que resultou numa duração de quase 3 horas. Mesmo assim é um clássico do cinema que merece ser redescoberto, principalmente para quem se interessa pela história do Oscar.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Parceiros da Noite

Steve Burns (Al Pacino) é um policial de Nova Iorque que decide se infiltrar dentro da comunidade gay para investigar uma série de assassinatos envolvendo homossexuais. A imersão nesse submundo acabará causando grandes mudanças em seu modo de pensar e agir. "Parceiros da Noite" é um dos filmes mais polêmicos da filmografia de Al Pacino. Tocando em um tema complicado o filme tenta trazer uma boa trama policial com a questão gay como pano de fundo. Eu nunca assisti um filme com Al Pacino que me decepcionasse. Sabia que com esse não seria diferente e não foi. "Parceiros da Noite" é um policial bem acima da média que apesar de ter sido lançado no começo dos anos 80 tem um jeitão de filme policial dos anos 70, característica que só pesa ao seu favor. Em muita coisa me lembrou outro grande filme de Pacino, o famoso "Serpico". Gostei do roteiro e como sempre da atuação de Pacino. Aqui ele surge um pouco mais contido do que de costume, é verdade, mas isso pode ser interpretado como parte de sua caracterização pois o personagem acaba passando por um dilema durante as investigações. 

 "Parceiros da Noite" foi produzido com tinhas fortes. Realmente a primeira hora do filme pode ser ofensiva para quem não gosta de ver cenas que mostrem homossexualismo entre homens. Por isso caso esse seja o seu caso é bom ir se preparado para essa terça parte inicial. Devo confessar que achei um pouco carregado nas tintas, criando uma tênue ligação, mesmo que involuntária, entre homossexualismo e criminalidade. Só não vou dizer que foi excessivo porque realmente não sei se o nível de promiscuidade entre os gays de Nova Iorque chegava naqueles extremos. Esse aspecto inclusive incomodou alguns setores GLS na época que protestaram contra a visão que o filme passava dos gays. Pois bem, de qualquer forma, passado essa parte o filme vai melhorando gradativamente e cresce absurdamente em seus vinte minutos finais. Aliás o final "em aberto" é genial. Não vou colocar aqui porque seria ruim para quem ainda não viu o filme, mas tenho certeza que grande parcela do público ficará intrigada. Enfim, deixem o preconceito de lado e não deixem de ver "Parceiros da Noite" pois vale muito a pena. Mais um ótimo momento de Pacino nas telas.

Parceiros da Noite (Cruising, Estados Unidos, 1980) Direção: William Friedkin / Roteiro: William Friedkin, baseado na novela de Gerald Walker / Elenco: Al Pacino, Paul Sorvino, Karen Allen / Sinopse: Steve Burns (Al Pacino) é um policial de Nova Iorque que decide se infiltrar dentro da comunidade gay para investigar uma série de assassinatos envolvendo homossexuais. A imersão nesse submundo acabará causando grandes mudanças em seu modo de pensar e agir.  

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de abril de 2024

Harry Potter e o Cálice de Fogo

Título no Brasil: Harry Potter e o Cálice de Fogo
Título Original: Harry Potter and the Goblet of Fire
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Mike Newell
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint

Sinopse:
Hogwarts se prepara para uma grande competição de bruxos de todas as partes do mundo. Harry Potter (Daniel Radcliffe) está ansioso para participar desse grande evento ao mesmo tempo que precisa se defender mais uma vez da presença maligna e sinistra de seu arquiinimigo Lord Voldemort (Ralph Fiennes) que parece cada vez mais fortalecido e presente pelos corredores escuros e sombrios de sua escola de magia. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Direção de Arte. 

Comentários:
Quarto filme da franquia milionária baseada nos livros de grande sucesso da autora J.K. Rowling. Esses filmes foram por bastante tempo - mais especificadamente de  2001 a  2011 - um dos alicerces financeiros da indústria do cinema americano. Todo final de ano era certo contar com uma nova parte das aventuras do bruxinho mais famoso da literatura. E nenhum deles deixou a desejar em termos de faturamento nas bilheterias, todos foram enormes sucessos de público e até mesmo, levando em conta as devidas proporções, também de crítica. A verdade é que antes mesmo de chegar nas telas de cinema, Harry Potter já tinha seu público formado. Então era apenas uma questão de se realizar obras cinematográficas bem feitas para arrecadar aquela quantia indecente de dinheiro pelo mundo afora. Além disso temos que reconhecer que a escolha do elenco foi muito feliz pois os garotos do trio central sempre foram muito carismáticos e talentosos (isso apesar de Daniel Radcliffe ter confessado recentemente que sempre teve problemas com bebidas e que muitas vezes ia trabalhar bêbado ou de ressaca). Considero "Harry Potter and the Goblet of Fire" um dos melhores da franquia, com ótimo desenvolvimento e enredo mais cativante do que muitos outros da série. A diversão, para fãs e não fãs também, certamente é garantida.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

O Último Desejo

Título no Brasil: O Último Desejo
Título Original:  Love Dream
Ano de Lançamento: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Highlight Film
Direção: Charles Finch
Roteiro: Charles Finch
Elenco: Christopher Lambert, Diane Lane, Francesco Quinn

Sinopse:
Um rockstar que perdeu a alegria de viver e cantar após a morte de seu irmão acaba conhecendo uma estranha mulher que parece ter poderes sobrenaturais. E apesar de tudo ele acaba se apaixonando perdidamente por ela, o que nao deixará de trazer problemas em sua vida pessoal e profissional. 

Comentários:
Esse e um filme que tenta misturar romance com fantasia, não sendo muito bem sucedido nessa mistura. É fraco, tanto que foi lançado apenas em VHS no Brasil, não chegando aos nossos cinemas. E olha que nessa época o Christopher Lambert estava no pique do sucesso, colecionando boas críticas nos jornais. Mas esse filme realmente não deu certo. De bom mesmo para ele apenas o romance que teve com a atriz Diane Lane. Foi algo sério mesmo pois eles acabariam se casando, tendo uma filha chamada Eleonora. E tudo começou no set de filmagens dessa produção. Bom, pelo menos o filme serviu para alguma coisa. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

9 1/2 Semanas de Amor

Título no Brasil: 9 1/2 Semanas de Amor
Título Original: Nine 1/2 Weeks
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox, Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Adrian Lyne
Roteiro: Sarah Kernochan, Zalman King
Elenco: Mickey Rourke, Kim Basinger, Margaret Whitton

Sinopse:
Elizabeth (Kim Basinger) conhece casualmente John (Mickey Rourke) e decide se envolver com ele. No fundo ela sabe muito pouco sobre seu parceiro, nenhum detalhe, sobre quem ele é ou o que ele faz, porém se entrega totalmente aos seus jogos sexuais que vão se tornando cada vez mais bem elaborados e sensuais durante as nove semanas e meia que ficam juntos.

Comentários:
Filme que fez muito sucesso e marcou época. Retrata uma paixão que dura exatamente nove semanas e meia de amor, como o próprio título sugere. Sempre achei esse roteiro muito parecido com o clássico erótico "O Último Tango em Paris" pois em ambos temos um casal de amantes que decide viver um romance onde os aspectos periféricos da relação são deixados de lado em prol de um envolvimento puro, sem preocupações sociais ou de status, valorizando apenas a atração física, a pura carne, de forma direta e sem culpas. Os dois personagens sempre resistem em saber mais um sobre o outro justamente por essa razão. O filme utiliza uma linguagem que na época estava muito em voga no mundo da publicidade e de videoclips. Nada mais natural já que o diretor Adrian Lyne vinha justamente desse mundo. O roteiro, temos que admitir, é bem minimalista, não procurando desenvolver muito os dois personagens principais. No caso aqui a forma foi bem mais trabalhada do que o conteúdo. Para algo assim funcionar era necessário ter o elenco certo e Lyne conseguiu isso unindo Mickey Rourke (ainda em plena forma, na sua fase galã) com Kim Basinger, que era considerada símbolo sexual. Revisto hoje em dia muitos aspectos de linguagem e produção mostram sinais de envelhecimento, o velho charme e sensualidade porém ainda estão lá.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de abril de 2024

Sr. Turner

Título no Brasil: Sr. Turner
Título Original: Mr. Turner
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, França, Alemanha
Estúdio: Film4, Focus International (FFI)
Direção: Mike Leigh
Roteiro: Mike Leigh
Elenco: Timothy Spall, Paul Jesson, Dorothy Atkinson
  
Sinopse:
Mr. Turner (Timothy Spall) retorna para a casa paterna após passar alguns anos fora, percorrendo a Inglaterra em busca de paisagens maravilhosas para suas pinturas. De volta ao antigo lar ele reencontra seu velho pai já um tanto abalado pelo peso da idade. Ele mantém um desarrumado atelier em sua própria casa, onde vende os quadros do filho. Esse acaba descobrindo surpreso que para o amor não há mesmo tempo e nem idade. Mesmo cinquentão acaba se apaixonando por uma viúva que mantém uma antiga hospedaria no cais do porto. Teria ainda tempo de viver finalmente uma relação amorosa realmente gratificante em sua vida? Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Dick Pope), Melhor Figurino (Jacqueline Durran), Melhor Trilha Sonora Incidental (Gary Yershon) e Melhor Design de Produção (Suzie Davies e Charlotte Watts).

Comentários:
Belo filme de época enfocando a vida do pintor inglês J.M.W. Turner (1775 - 1851). O interessante desse roteiro é que ele mostra Turner em um momento já crepuscular de sua vida, quando foi abalado pela morte de seu querido pai. Ele próprio havia se transformado em um velho ranzinza e mal humorado que tinha que lidar com vários problemas profissionais e pessoais. Embora fosse um artista respeitado em seu tempo suas obras começaram a sofrer críticas por causa do uso considerado ultrapassado de cores e formas em seus quadros. Especialista em Marinhas (pinturas que mostravam barcos históricos em momentos marcantes da história britânica), Turner começava a entender que seu talento estava cada vez mais se tornando coisa do passado. Para piorar sua vida pessoal era uma grande bagunça emocional. Pai de duas filhas que mal chegou a conhecer, ele tinha que lidar com a mãe das garotas, uma senhora de modos rudes e violentos, com personalidade dramática e propensa a dar escândalos públicos. Quando tudo parecia caminhar fora dos trilhos Turner acaba conhecendo casualmente uma viúva, dona de uma modesta hospedaria, que acaba aceitando seus tímidos e relutantes galanteios.

O cineasta Mike Leigh mostra o tempo todo que tem grande carinho por Turner, mas sabiamente não procura esconder seus pequenos e grandes defeitos. O roteiro aliás é sofisticado o suficiente para explorar a grande contradição existente entre o modo de ser de Turner, muitas vezes rude e sem classe alguma, com a beleza imortal de sua arte. Nem é necessário salientar também que o filme é visualmente muito bonito, com planos que muitas vezes procuram imitar até mesmo o senso estético das obras de arte desse grande pintor. A trilha sonora também é outro deleite, com várias peças de música erudita. A duração que poderá soar até excessiva para alguns passa despercebida por causa do enredo cativante e sereno. Não é um filme para quem tem pressa, pelo contrário, é uma obra cinematográfica de contemplação e esse aspecto é sem dúvida alguma seu maior mérito. "Mr. Turner" mostra acima de tudo que o cinema de bom gosto ainda não morreu.

Pablo Aluísio.

Beleza Roubada

Título no Brasil: Beleza Roubada
Título Original: Stealing Beauty
Ano de Produção: 1996
País:  Itália / França / Reino Unido
Estúdio: Fiction Films, France 2 Cinéma
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Bernardo Bertolucci, Susan Minot
Elenco: Liv Tyler, Jeremy Irons, Jason Flemying, Stefania Sandrelli, Rachel Weisz.

Sinopse:
Lucy Harmon (Liv Tyler) é uma jovem americana que decide ir até a Itália para descansar, reencontrar velhos amigos e repensar sua vida. Sua mãe havia se suicidado e ela procura entender o que de fato teria acontecido. A paz e a tranquilidade da Europa podem lhe trazer todas as respostas. Além disso ela pretende na viagem à Toscana descobrir a identidade de seu pai biológico, há muito desconhecido. A bucólica região acabará lhe trazendo novas perspectivas, com alegrias, novos amores e reflexões sobre si mesma.

Comentários:
O filme mais leve e despretensioso do grande cineasta Bernardo Bertolucci. Aqui ele deixa a complexidade torturada de alguns de seus personagens de filmes anteriores para mostrar a bucólica realidade de uma garota que está em busca do amor de sua vida enquanto passeia numa Itália dos sonhos. Essa produção transformou Liv Tyler na musa dos filmes cults, muito embora tenha chamado a atenção inicialmente em sua carreira em diversos videoclips ao estilo MTV. Em termos de elenco porém quem rouba os holofotes é realmente Jeremy Irons que está soberbo em cada cena. Um grande ator em um filme menor. A Toscana nunca foi tão linda e solar! Mesmo assim acho um filme bem mediano que exagera na linguagem e no ritmo europeu de fazer cinema. No fundo a estória criada por Bernardo Bertolucci não é grande coisa e ele próprio parece deslumbrado com a presença de Liv Tyler em seu filme. Por certo estava apaixonado! Infelizmente nada disso transparece para a tela e Beleza Roubada logo se torna cansativo. Pois é, até beleza demais cansa em excesso.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de abril de 2024

A Caçada ao Outubro Vermelho

Durante a Guerra Fria dois impérios disputaram a hegemonia mundial. De um lado os Estados Unidos, líder do mundo ocidental, empunhando a bandeira do capitalismo e do livre mercado. No outro a União Soviética, líder dos países do bloco comunista que defendia o modelo de Estado autoritário, centralizador e dono de todos os meios de produção. Essa guerra ideológica obviamente foi transposta também para o campo militar. Americanos e soviéticos entraram em uma terrível corrida armamentista onde a busca pelas armas nucleares mais modernas acabou se tornando política oficial de Estado. E entre esse vasto arsenal nuclear se destacavam os submarinos nucleares, capazes de cruzarem os oceanos para atacar os países inimigos com rara precisão. Tanto Estados Unidos como União Soviética construíram incríveis máquinas como essas e a luta por uma delas é justamente o centro da trama desse excelente “A Caçada ao Outubro Vermelho”. A trama se passa em 1984 quando o capitão Marko Ramius (Sean Connery) do submarino soviético “Outubro Vermelho” decide sem justificativa aparente desviar a rota de navegação para os Estados Unidos. Isso obviamente traria enorme repercussão tanto do lado do comando soviético, que não havia autorizado tal manobra, como do lado americano, pois afinal de contas ter em plena guerra fria um submarino nuclear inimigo em rota de colisão com seu país era no mínimo temerário.

“Caçada ao Outubro Vermelho” se destaca pelo excelente roteiro que joga o tempo todo com as reais intenções do capitão soviético e os efeitos que surgem de sua decisão inesperada. Afinal qual seria seu real objetivo: Uma deserção ou um ataque insano ao capitalismo americano? Sean Connery está perfeito em sua caracterização de militar premiado e veterano que começa a pensar por conta própria sem se importar com as conseqüências de seus atos impensados. Na época de seu lançamento o filme também despertou debate sobre o perigo de um conflito nuclear por acidente. Afinal até que ponto os governos de Estados Unidos e União Soviética tinham efetivo controle sobre seu espetacular arsenal de guerra? O desespero causado em razão  de um submarino nuclear sem controle das autoridades soviéticas refletia bem isso. O curioso de tudo é que o perigo persiste até os dias atuais. Depois do fim da guerra fria com o desmoronamento do bloco soviético a antes incrível armada daquele país entrou em completo colapso. O que se vê hoje em dia na Rússia é um total sucateamento de armas e artefatos de guerra que apodrecem literalmente nos cais do país. Recentemente vi uma reportagem sobre o estado atual da Marinha russa. Submarinos como esse mostrado no filme nem conseguem mais ir para o alto mar por falta de verbas. O orgulho da outrora esquadra vermelha nunca esteve tão em baixa. Quem diria que um dia esse arsenal tenha sido tão respeitado e temido pelo ocidente? De qualquer modo fica a dica: “A Caçada ao Outubro Vermelho”, um excelente filme de suspense e guerra que realmente consegue mexer muito bem com os nervos do espectador. Não deixe de assistir.

A Caçada ao Outubro Vermelho (The Hunt for Red October, Estados Unidos, 1989) Direção:  John McTiernan / Roteiro: Larry Ferguson, Donald Stewart / Elenco: Sean Connery, Alec Baldwin, Scott Glenn, Sam Neill, James Earl Jones / Sinopse: A trama se passa em 1984 quando o capitão Marko Ramius (Sean Connery) do submarino soviético “Outubro Vermelho” decide sem justificativa aparente desviar a rota de navegação para os Estados Unidos. Seria um ato de deserção do oficial soviético ou uma impensada e insana manobra de ataque contra a América?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Indochina

Título no Brasil: Indochina
Título Original: Indochine
Ano de Produção: 1992
País: França
Estúdio: Paradis Films
Direção: Régis Wargnier
Roteiro: Erik Orsenna, Louis Gardel
Elenco: Catherine Deneuve, Vincent Perez, Linh Dan Pham, Jean Yanne, Dominique Blanc, Henri Marteau

Sinopse:
A história do filme se passa em 1930. Éliane (Catherine Deneuve) é uma francesa, dona de terras na Indochina. Ela decide adotar uma criança da região e se apaixona por um oficial da marinha francesa. Sua vida, que parecia ir tão bem, logo é abalada por movimentos de separação de nativos que querem a independência da França. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro.

Comentários:
Antes dos Estados Unidos afundarem na guerra do Vietnã, a França já havia se dado mal naquela mesma região. O nome colonial daquele lugar no sudeste asiático era Indochina, uma palavra que significava literalmente "abaixo da China", algo aliás bem correto do ponto de vista da geografia mundial. Pois bem, esse filme conta a história de uma rica proprietária de terras, de nacionalidade francesa, que após prosperar com seus negócios vê o seu mundo desabar quando o povo local decide colocar um basta no sistema colonial francês. É a velha luta da colônia tentando sua independência da metrópole europeia e exploradora. Um capítulo que se repetiu em diversas partes do mundo. Um movimento natural de todas as nações que lutaram e buscaram sua independência política. O filme usa a história da protagonista para mostrar, sob um ponto de vista individual, tudo o que aconteceu na Indochina a partir da década de 1930. Aliás muitos países daquela região (como o Vietnã, o Laos, o Camboja, a Birmânia, etc) iriam vivenciar anos e anos de guerra até finalmente alcançarem sua tão sonhada liberdade. E essa caprichada produção, premiada com o Oscar, conta muito bem todo esse contexto histórico de mudança e revolução. É um belo filme histórico com nuances de romantismo literário.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Hamburger Hill

Título no Brasil: Hamburger Hill
Título Original: Hamburger Hill
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Pictures
Direção: John Irvin
Roteiro: James Carabatsos
Elenco: Anthony Barrile, Michael Boatman, Don Cheadle

Sinopse: 
Durante a guerra do Vietnã um grupo de soldados americanos fica encurralado numa colina no meio da selva mas a defendem com valentia. Depois de sofrer mais de 70% de baixas os militares são surpreendidos pelas novas ordens recebidas por seus superiores. Um espelho da insanidade de um dos conflitos mais sangrentos da história americana.

Comentários:
Mais uma produção do ciclo do Vietnã que legou ao cinema algumas clássicos como 'Platoon', 'Nascido Para Matar' e 'Nascido em 4 de Julho', todos grandes filmes daquela época. Esse aqui é bem menos conhecido e de certa forma foi ofuscado pelos demais. O bom é que narra um fato real, uma colina onde muitos americanos morreram. Na época um soldado resumiu a situação afirmando que o inimigo havia feito 'hamburguer' com seu pelotão! O clima mais cru ajuda a apreciação do filme mas de fato não consegue ter o mesmo impacto ou a mesma qualidade dos melhores filmes dessa fase do cinema americano. Na vida real as tropas americanas fizeram um tremendo sacrifício para tomar o Hamburguer Hill (o morro onde eles estavam virando Hamburguer, literalmente) para depois abandonar o local sem mais nem menos por ordens superiores. Os que morreram, morreram em vão... Anos depois a colina virou o símbolo da falta de direção do comando americano na guerra. Não havia foco e nem sentido em muitos dos confrontos. Um fato histórico muito marcante e interessante. Já o filme é apenas mediano mas dá para assistir sem problemas.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de abril de 2024

Nascido em 4 de Julho

O EUA é uma nação que foi forjada na violência e no capitalismo selvagem. Em essência esses são os verdadeiros pilares da América. Nessa engrenagem o complexo industrial militar norte-americano sempre deve ser suprido por guerras e conflitos, façam sentido ou não. A Guerra do Vietnã é um exemplo claro disso. Um aparato militar jamais visto foi deslocado para um pobre país asiático sem importância em uma matança sem sentido. Jovens na flor da idade foram para aquela nação que nunca tinham nem ouvido falar para morrerem em suas selvas. Quem ganhou com o envolvimento dos EUA no Vietnã? Obviamente que não foram esses soldados. Quem lucrou realmente com essa barbaridade foi justamente o complexo militar da nação Ianque. Guerras são caras e alguém sempre lucra com elas, não se engane. Fortunas foram feitas com o sangue alheio. Violência e capitalismo, eis o segredo da existência desse conflito. Violência e capitalismo, eis o DNA da alma norte-americana. Nada mais, nada menos. Nesse ínterim o ser humano se torna peça descartável, sem a menor importância. Uma estatística, um número qualquer na mesa de algum burocrata. O indivíduo perde toda a sua importância. "Nascido em 4 de Julho" dá voz a uma dessas peças sem importância no tabuleiro da guerra capitalista. Em um roteiro excepcional acompanhamos a transformação de um jovem que ousou tentar de alguma forma lutar contra essa situação. O filme é sobre ele, Ron Kovic (Tom Cruise), que se tornou paralítico aos vinte e um anos de idade após levar um tiro durante uma batalha numa praia do Vietnã. Sua vida, seus pensamentos, seus conflitos internos, tudo ecoa na tela com raro brilhantismo.

Oliver Stone, ele próprio um veterano da Guerra do Vietnã, já havia revisitado esse conflito no premiado "Platoon". O diferencial de "Nascido em 4 de Julho" para o filme anterior é que nesse acompanhamos os efeitos da guerra, as consequências. O tema já havia sido retratado no cinema antes em "Espíritos Indômitos" com Marlon Brando. O enfoque é sobre os soldados que voltam da guerra mutilados, feridos, estraçalhados emocionalmente. As bandeiras, as medalhas e os uniformes militares diante dessa situação perdem totalmente a relevância. O que fica é um dos efeitos mais cruéis desse tipo de luta armada. Homens jovens, incapazes de viverem em sua plenitude, condenados a uma cadeira de rodas pelo resto de suas vidas e o pior por um evento histórico sem qualquer sentido ou justificativa. Stone foi muito feliz nessa direção que na minha opinião foi a melhor de sua carreira. O enredo socialmente relevante faz pensar, desperta consciências. Filmes devem existir não apenas para entreter mas também para conscientizar. Nesse aspecto "Nascido em 4 de Julho" é uma obra prima do cinema americano.

Nascido em 4 de Julho (Born on the Fourth of July, Estados Unidos, 1989) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Oliver Stone baseado no livro de Ron Kovic / Elenco: Tom Cruise, Willem Dafoe, Tom Berenger, Kyra Sedgwick / Sinopse: Ron Kovic (Tom Cruise) é um jovem americano que se alista voluntariamente no corpo de fuzileiros navais durante a Guerra do Vietnã. Ele tem convicção que deve lutar pelo seu país contra o chamado avanço comunista. Durante a guerra sua tropa é emboscada e Kovic leva um tiro que o torna paralítico pelo resto de sua vida. O filme é sobre sua luta pelo fim da guerra do Vietnã após retornar do sudoeste asiático.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de abril de 2024

Campo dos Sonhos

Kevin Costner já era um astro consagrado por causa do enorme sucesso de “Os Intocáveis” quando chegou aos cinemas esse “Campo dos Sonhos”. É curioso porque a trama do filme se utiliza de um dos maiores símbolos da cultura americana, o beisebol, e Costner naquele período era apontado como ele próprio um símbolo dos velhos ideais da América. Não era à toa que ele era considerado o “novo Gary Cooper”. Unir Costner com sua imagem de bom moço e símbolo do American Way of Life com o Beisebol, esporte maior da nação, foi mais do que providencial. A trama se apóia em um argumento de realismo fantástico onde Costner interpreta um fazendeiro com dificuldades financeiras chamado Ray que certo dia tem uma visão onde surge uma voz que lhe diz para construir um campo de beisebol em seu milharal. Estaria ele enlouquecendo? Contra tudo e contra todos Ray (Costner) decide então construir o tal campo de beisebol pois algo lhe diz que uma vez construído os antigos ídolos do esporte voltarão para aquela que seria sua última partida! Heróis do passado, ídolos há muito falecidos, retornarão para um jogo final de despedida. Surreal? Espiritualista? Sensorial? Simples loucura? Bom, tudo isso se pode dizer sobre filme, no mínimo. É aquele tipo de estória que o espectador tem que aceitar e embarcar nela, caso contrário o filme em si não fará o menor sentido.

Como era de se esperar a produção não despertou o menor interesse no público brasileiro por causa de seu tema muito americano. Filmes sobre esportes como beisebol ou futebol americano e outros que o brasileiro médio desconhece ou ignora geralmente não fazem sucesso por aqui. É de se lamentar já que “Campo dos Sonhos” apesar de ter como pano de fundo o esporte não gira apenas em torno dele, pelo contrário, o roteiro na realidade centra seu foco na realização dos sonhos de cada pessoa, individualmente. O personagem de Kevin Costner nada mais é do que uma alegoria representativa da capacidade de cada pessoa em sonhar e tornar esses sonhos uma realidade. O livro em que o filme foi inspirado, escrito pelo autor W.P. Kinsella é exatamente sobre isso. O personagem principal da estória nada mais é do que um alter ego do escritor que queria apenas escrever uma fábula sobre os sonhos de cada um, por mais impossíveis ou improváveis que eles sejam. A produção tem bom gosto e requinte e Costner tem no elenco de apoio grandes atores, entre eles um inspirado James Earl Jones e um jovem Ray Liotta como um dos jogadores de beisebol que chegam do além para uma partida final no milharal ou como o próprio nome do filme diz, no campo dos sonhos. E o que dizer da presença mais do que digna do veterano Burt Lancaster? Simplesmente maravilhoso. Esse filme é assim um bom e lírico passeio pelos ideais mais caros ao povo americano – as terras de cultivo do meio oeste, o beisebol, os valores de persistência e luta e por fim a concretização dos sonhos de infância. Um retrato amigável e simpático do homem comum daquele país. “Campo dos Sonhos” é de fato louvação à alma dos Estados Unidos como nação. Assista sem receios.

Campo dos Sonhos (Field of Dreams, Estados Unidos, 1989) Direção: Phil Alden Robinson / Roteiro: Phil Alden Robinson baseado no livro escrito por W.P. Kinsella / Elenco: Kevin Costner, James Earl Jones, Ray Liotta,  Amy Madigan, Burt Lancaster / Sinopse: Fazendeiro do meio oeste americano recebe através de um visão o desejo de construir um campo de beisebol no milharal de sua fazenda. Mesmo em dificuldades financeiras ele resolve transformar esse sonho em realidade para que antigos ídolos do esporte possam voltar pela última vez para um jogo final de despedida.

Pablo Aluísio.

domingo, 31 de março de 2024

O Hobbit

Com o sucesso espetacular da trilogia “O Senhor dos Anéis” era de se esperar que mais cedo ou mais tarde Hollywood fosse em busca de material dentro dos escritos deixados pelo autor J.R.R. Tolkien para produzir novos filmes baseados em seus livros. A solução encontrada foi adaptar, em uma nova trilogia, o romance “O Hobbit”. Adaptado pela primeira vez em 1977 para um telefilme inglês, “O Hobbit” trazia os acontecimentos que antecediam em muitos anos as aventuras que acompanhamos em “O Senhor dos Anéis”, a obra prima definitiva do escritor. A trama de “O Hobbit” é mais singela e menos pretensiosa do que a de outros textos de Tolkien. De certa forma é até um ensaio da grande obra que marcaria para sempre sua bibliografia. Todos os elementos que fizeram de “O Senhor dos Anéis” tão marcante já podem ser encontrados nesse texto, embora em menor escala. Aqui acompanhamos a rotina de Bilbo (Martin Freeman), um hobbit que leva uma vida mansa e pacifica em seu condado. Sua existência bucólica porem sofre uma completa reviravolta quando o mago Gandalf (Ian McKellen) chega em seu jardim para lhe perguntar se ele estaria interessado em viver uma grande aventura. Mesmo não mostrando nenhum entusiasmo na idéia, pelo contrário, a rejeitando completamente, Gandalf não desiste e em pouco tempo começam a chegar vários anões em sua pequenina casa! Todos fazem parte de uma pretensa companhia ou irmandade que tem como objetivo adentrar o antigo reino dos anões, Erebor, que agora se encontra dominado por um dragão feroz e milenar. Em jogo há inúmeras riquezas e a oportunidade de trazer de volta o antigo lar dos anões.

Muito se falou sobre “ O Hobbit” desde que o projeto foi anunciado. A internet ferveu com especulações e ataques de ansiedade, o que deve ter deixado o diretor Peter Jackson duplamente atarefado (realizando o filme e desmentindo muitos dos boatos sem fundamento que surgiam a cada semana). Todos queriam reencontrar nas telas os seus personagens preferidos. A conclusão pura e simples que chegamos após assistir a esse “O Hobbit” é que se trata realmente de mais um belo exemplar do talento de Jackson atrás das câmeras. Embora o livro original em que se baseia seja bem mais simples do que “O Senhor dos Anéis” Peter Jackson conseguiu novamente realizar um trabalho bonito de se ver, tecnicamente perfeito, onde tudo se encaixa maravilhosamente bem. “O Hobbit” tem excelentes seqüências e um roteiro redondinho que não cansa o espectador apesar de suas quase três horas de duração. Além disso marca a volta aos cinemas de personagens queridos dos fãs como o Mago Gandalf, Gollum (em ótima seqüência ao lado de Bilbo nas profundezas escuras de uma montanha) e claro todo o restante do universo muito rico e carismático da Terra Média com seus elfos, hobbits, anões e orcs! Claro que não se pode comparar ao impacto da trilogia original pois naqueles primeiros filmes tudo soava como novidade mas é inegável que Jackson conseguiu novamente entregar um filme muito bom, que não passa uma sensação de desgaste ou esgotamento sobre todo esse material. Dito isso não teria muito o que criticar aqui – achei o resultado acima das expectativas para falar a verdade. Embora não seja especialista nessa mitologia sempre gostei bastante desses filmes. Penso que Peter Jackson é um cineasta honesto que está trabalhando com algo que realmente gosta, e isso faz toda a diferença do mundo. Que venham os novos filmes dessa nova trilogia. Os fãs da Terra Média certamente agradecem.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, Estados Unidos, 2012) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro, baseados no livro “O Hobbit” escrito por J.R.R. Tolkien / Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Christopher Lee,  Ken Stott / Sinopse: Um grupo formado por anões, um mago e um hobbit tentará adentrar uma montanha isolada onde em um passado glorioso os anões construíram seu último grande reino na Terra Média. Agora dominado por um feroz dragão o lugar guarda muitos perigos e aventuras para todos aqueles que se atrevem a entrar em seus domínios.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Cabaret

Título no Brasil: Cabaret
Título Original: Cabaret
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Bob Fosse
Roteiro: Joe Masteroff
Elenco: Liza Minnelli, Michael York, Helmut Griem, Joel Grey, Fritz Wepper, Marisa Berenson

Sinopse:
Década de 1930. Berlim. A dançarina americana Sally Bowles (Liza Minnelli) começa a fazer muito sucesso nos clubes noturnos da cidade alemã. Ela se apaixona por dois homens, mas as coisas complicam quando o nazismo chega ao poder na Alemanha.

Comentários:
Esse filme é um marco na história de Hollywood. Em uma época em que o musical já tinha deixado seus dias de glória no passado, o filme se consagrava na noite do Oscar, sendo o grande premiado da noite, sendo vencedor em oito categorias, entre elas melhor atriz, para Liza Minnelli em seu filme definitivo e melhor direção, para o talentoso Bob Fosse. É interessante também notar que o filme chegou aos cinemas americanos em uma época dura, com o pais enfrentando diversos problemas com um governo conservador. Richard Nixon estava no poder, com inúmeras denúncias de corrupção. A analogia entre seu partido e o partido nazista, com perseguição a artistas e poetas, era um tanto quanto óbvia. Entretanto, mesmo com essa leitura política, em minha opinião o grande mérito desse filme é mesmo a música, os números musicais. Nesse aspecto o filme mereceu cada Oscar que recebeu. É uma obra-prima do cinema.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de março de 2024

Kramer Vs Kramer

O grande vencedor do último Oscar da década de 70 mostrava o desmoronamento de um relacionamento, os problemas advindos de um divórcio complicado e sofrido e as tentativas de uma família em tentar juntar os pedaços de tudo ao redor. O título do filme já dá bem uma idéia do que se trata, na verdade o roteiro realista e pé no chão (típico do cinema daquela época) procura enfocar os novos desafios que o núcleo familiar enfrentava naquele momento. No Brasil o filme foi ainda mais marcante porque a Lei do Divórcio entrou em vigor poucos anos antes do filme estrear por aqui e certamente isso fez com que muitos se identificassem com o que se passava na tela. A luta pela guarda dos filhos, as pequenas e grandes desavenças, o sentimento de fracasso e frustração, o arrependimento, a raiva, a ira, tudo foi captado com extremo talento pelo cineasta  Robert Benton que procurou acima de tudo passar para as telas um momento que certamente era vivenciado por centenas de milhares de casais nos EUA e fora dele.

Como não poderia deixar de ser o grande destaque do elenco era realmente o ator Dustin Hoffman. Aqui ele interpreta o marido que não sabe direito como agir diante daquela variedade de sentimentos conflitantes que surgiram da noite para o dia com seu divórcio. Ao mesmo tempo em que tenta lidar com a guarda do pequeno filho não tem certeza absoluta se isso seria mesmo a melhor decisão. Sua mulher simplesmente abandona a casa e deixa tudo em suas mãos. Quando retorna exigindo a guarda do filho encontra a resistência do marido. A briga acaba indo parar nos tribunais, Kramer contra Kramer, como o título sugere. Outro nome que se destaca é Mery Streep, que interpreta a esposa, Joanna. O que falar dessa atriz tão consagrada? Streep tem uma das filmografias mais ricas da história do cinema americano e esse é certamente outro de seus grandes filmes. obrigatório para seus fãs.
 
Kramer Vs Kramer (Idem, Estados Unidos, 1979) Direção: Robert Benton / Roteiro: Robert Benton / Elenco: Dustin Hoffman, Meryl Streep, Justin Henry, June Alexander / Sinopse: Casal em processo de divórcio resolve ir ao tribunal para lutar pela guarda do único filho. Filme vencedor dos Oscars de Melhor Filme, Direção, Ator (Dustin Hoffman), Roteiro e Atriz Coadjuvante (Meryl Streep). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias Melhor Filme – Drama, Direção, Ator (Dustin Hoffman), Atriz Coadjuvante (Meryl Streep) e Roteiro.

Pablo Aluísio. 

domingo, 24 de março de 2024

Golpe de Mestre

Título no Brasil: Golpe de Mestre
Título Original: The Sting
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Roy Hill
Roteiro: David S. Ward
Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Robert Shaw, Charles Durning, Ray Walston, Eileen Brennan

Sinopse:
Henry Gondorff (Paul Newman) e Johnny Hooker (Robert Redford) são dois vigaristas que resolvem unir suas forças e "talentos" para dar um golpe definitivo em um gângster que lhes prejudicou no passado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, direção, roteiro adaptado, direção de arte, figurino, edição e música. Indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Robert Redford),
direção de fotografia (Robert Surtees) e som. 

Comentários:
Dos grandes campeões do Oscar, esse "Golpe de Mestre" sempre foi um dos meus preferidos. Aqui Paul Newman e Robert Redford decidiram fazer mais um filme juntos. Eles tinham obtido grande sucesso de público e crítica com "Butch Cassidy" em 1969 e resolveram que era hora de voltar. Para isso contrataram novamente o mesmo diretor do filme anterior, o talentoso George Roy Hill. O resultado foi melhor do que poderiam imaginar. "Golpe de Mestre" foi o grande vencedor do Oscar de 1973, levando para casa nada mais, nada menos, do que sete estatuetas! Uma consagração completa. E o filme era realmente uma delícia de assistir, com um roteiro extremamente inteligente e bem escrito, mostrando os planos de um grupo de vigaristas - planos esses que não envolviam violência, mas apenas inteligência e sagacidade. Um aspecto interessante dessa história é que ela foi mesmo inspirada em um fato real que aconteceu no século XIX, no interior dos Estados Unidos. Usando de aparências, cenários e muita lábia, esses trambiqueiros conseguiram mesmo enganar muita gente. Outro ponto digno de nota vem da trilha sonora incidental assinada por Marvin Hamlisch. Essas melodias vão grudar em sua mente por anos e anos. Enfim, grande obra-prima da história do cinema. Um dos melhores já feitos com esse temática.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Um Estranho no Ninho

Segue sendo lembrado como um dos melhores filmes da carreira de Jack Nicholson. De certa forma ajudou até mesmo a compor sua mais conhecida persona nas telas – a do sujeito meio maluco, prestes a cruzar a fronteira entre sanidade e insanidade, sempre com um largo sorriso na face. Não é para menos, Jack Nicholson foi criado pensando ser irmão daquela que mais tarde revelou-se ser na verdade sua mãe! E a mulher que ele pensava ser sua mãe era na verdade sua avó! Confuso? Claro que sim mas a vida familiar complicada do ator se refletiria depois em ótimas perfomances como essa, excelentes interpretações que até hoje marcam a história do cinema. Afinal de contas de pessoas disfuncionais o velho Jack sabia tudo! O grande filme da carreira de Jack até aquele momento era “Chinatown”. É certo que “Sem Destino” foi a produção que mudou os rumos de sua carreira mas o filme de Polanski ajudou a sedimentar o caminho para o estrelato de Nicholson. Mesmo com toda sua repercussão apenas “Um Estranho no Ninho” trouxe o reconhecimento pleno da crítica e de seus colegas uma vez que o filme foi louvado pela Academia e pelos demais principais prêmios do cinema americano e internacional. De fato foi uma consagração pessoal de Nicholson mais do que qualquer outra coisa. 

Em “Um Estranho no Ninho” Jack interpreta Randle Patrick McMurphy, um prisioneiro que decide simular sintomas de doença mental para ser transferido da prisão onde cumpre pena para um hospital psiquiátrico pensando encontrar lá um sistema menos rígido e disciplinador do que dentro das grades da penitenciaria. Para sua surpresa porém nada era o que ele esperava encontrar. No hospício encontra um sistema rígido, baseado em um forte controle de cada passo dos pacientes, tudo sob comando da enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher). A partir daí Patrick começa uma série de desentendimentos com a direção do lugar, tudo para conseguir impor um sistema bem mais liberal do que o que está em vigor. Esse é o tipo de papel em que Jack Nicholson se esbalda em cena. Cabelo despenteado, sorriso insano, olhar vidrado, tudo de acordo com o estilo indomado do ator. Sua interpretação de fato é brilhante, alternando momentos de pura malandragem de seu personagem com ataques de insanidade sem controle. Sem Jack o filme certamente não teria o impacto que teve. Por seu trabalho venceu o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio dos críticos de Nova Iorque (NYFCCA). Todos mais do que merecidos. Não se engane, “Um Estranho no Ninho” traz Jack Nicholson em sua mais pura essência. Uma verdadeira obra prima!

Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, Estados Unidos, 1975) Direção: Milos Forman / Roteiro: Lawrence Hauben, Bo Goldman / Elenco: Jack Nicholson, Louise Fletcher, Danny DeVito, William Redfield, Brad Dourif / Sinopse: Preso se faz passar por maluco para ser levado para uma instituição psiquiátrica onde espera encontrar um lugar mais ameno, com mais regalias. Para sua surpresa porém o local é controlado rigidamente por uma enfermeira-chefe linha dura que não admite mudanças em seu cronograma pessoal. Filme vencedor dos Oscars de melhor filme, melhor ator (Jack Nicholson), melhor atriz (Louise Fletcher), melhor direção (Milos Forman) e melhor roteiro adaptado. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias melhor filme / drama, melhor direção, melhor ator / drama (Jack Nicholson), melhor atriz / drama (Louise Fletcher), melhor revelação masculina (Brad Dourif) e melhor roteiro.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de março de 2024

Justiça Para Todos

Advogado criminalista (Al Pacino) acaba tendo que aceitar defender um juiz que odeia e que está sendo acusado de estupro contra uma garota. O cinema americano tem longa tradição em filmes que mostram o meio jurídico. Não é para menos. Quem trabalha na área sabe que esse é repleto de dramas e situações aflitivas que acabam gerando ótimos roteiros e filmes. Um processo judicial não é apenas uma sucessão de atos jurídicos ou procedimentos mas também um capítulo de extrema importância da vida das pessoas que atuam nele. O filme mostra justamente esse aspecto. O ponto alto é novamente a atuação do elenco. Al Pacino está brilhante na minha opinião e nem adianta argumentar dizendo que ele está novamente "over", exagerado ou fora de controle em cena. Nada disso, achei sua atuação muito adequada principalmente pela situação que seu personagem se encontra. Se existe algum exagero em "Justiça Para Todos" talvez seja seu clímax que é realmente um pouco inverossímil. Mesmo assim não macula o resto da produção que é muito relevante, diria até didática, sobre o que acontece debaixo dos olhos vendados do poder judiciário.

Outro destaque de "Justiça Para Todos" é a mensagem subliminar que ele transmite. Em um deles Pacino diz a seu velho avô que está sofrendo os problemas da velhice: "Ser honesto e ao mesmo tempo ser advogado é algo bem complicado". Realmente, poucas profissões do mundo transitam tanto entre a moralidade e a imoralidade, a legalidade e a ilegalidade. O profissional do direito vive realmente em um fio da navalha e o filme toca muito bem nisso ao colocar o sócio de Pacino no filme em crise existencial (ele consegue liberar um cliente da cadeia que acaba matando duas crianças poucos dias depois de solto). Quais são os limites, a linha que separa a ética da necessidade de se defender o cliente? Como se sente um advogado ao defender um criminoso capaz de atos bárbaros contra o próximo? É isso, "Justiça Para Todos" é um filme para se pensar sobre o poder judiciário, seus anacronismos e contradições. Uma lição que não se aprende nas faculdades de direito.

Justiça Para Todos (...And Justive For All, Estados Unidos, 1979) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Valerie Curtin, Barry Levinson / Elenco: Al Pacino, Jack Warden, John Forsythe / Sinopse: Arthur Kirkland (Al Pacino) é um advogado criminalista que tenta transitar entre sua ética pessoal e a necessidade de defender seus clientes, entre eles um juiz corrupto e acusado de estupro contra uma inocente garota.

Pablo Aluísio

sexta-feira, 15 de março de 2024

Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar

Título no Brasil: Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar
Título Original: Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Gene Wilder, John Carradine, Tony Randall, Burt Reynolds, Anthony Quayle

Sinopse:
Woody Allen interpreta diversos personagens (Victor / Fabrizio / The Fool / Sperm) que vão surgindo em várias sequências relativamente independentes e muito divertidas. O fio de ligação entre elas vem de perguntas, dúvidas, que todos têm sobre o sexo! De onde surgem os bebês? O que é masturbação? etc.

Comentários:
Da série "Os maiores títulos de filmes da história", daqueles que eram impossíveis de colocar nas marquises dos cinemas da época. Sim, "Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar" já era divertido no título. "Um absurdo!" - muitos disseram em seu lançamento. Na verdade aqui Woody Allen realizou um de seus filmes mais engraçados. O que serviu de inspiração foi um livro de sexologia que ele comprou em Nova Iorque. Era algo didático, mas o nome do livro era pura apelação. Assim Allen decidiu que iria fazer uma adaptação para o cinema, mas não uma adaptação qualquer e sim uma sátira, um sucessão de gags irônicas sobre as principais dúvidas que as pessoas tinham sobre sexo. Assim cada pergunta abre uma brecha para uma sequência de pura nonsense, puro absurdo do humor mais insano. De certa forma esse filme acabou virando um estigma, um modelo, de filme que prioriza mais o humor puro do que as conversas do tipo "cabeça", que iriam ser comuns nos seus filmes seguintes. Duas sequências se destacam no roteiro. Na primeira, sempre lembrada até hoje, o próprio Woody Allen interpreta um esperma, pronto para nadar e tentar vencer a prova, a corrida para entrar no óvulo. Enquanto ele se prepara aparecem várias inseguranças. Em outra, muito divertida, ele é perseguido por um seio feminino gigante pelas ruas da cidade. Assim cada dúvida é estopim para mais uma sequência, sem seguir uma história narrativa linear. Quem ganha é o espectador. O riso (inteligente) se torna fácil e farto.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2024

New York, New York

Jimmy Doyle (Robert De Niro) é um saxofonista boêmio que volta da II Guerra Mundial e decide se casar com uma talentosa cantora, Francine Evans (Liza Minnelli), que tem o sonho de virar uma grande estrela de Hollywood. “New York, New York” foi uma curiosa tentativa do diretor Martin Scorsese em dirigir um musical ao velho estilo. Apaixonado por filmes antigos ele tentou, nessa rara incursão pela gênero, renovar e revitalizar os antigos musicais inspirados  nas peças da Broadway. Apesar dos grandes talentos envolvidos não há como negar que se trata de um filme bem abaixo das expectativas. Scorsese não mostra muita intimidade com musicais tornando o filme lento, pesado, muito melodramático para algo que deveria ser leve, divertido, simpático. A escolha de Robert De Niro também se mostra um equivoco já que ele definitivamente não leva jeito para a coisa, demonstrando em vários momentos que não tem qualquer familiaridade com o instrumento musical que finge tocar o filme inteiro.

Assim com tantos marinheiros de primeira viagem em filmes musicais sobra para Liza Minnelli a complicada tarefa de salvar musicalmente o filme, coisa que faz com raro brilhantismo. Não é de se estranhar já que Liza é um talento nato, que descende de uma linhagem de grandes cantoras. Ela se destaca pois tem talento musical para dar e emprestar ao resto do elenco. Apesar disso o filme não foi bem nem de bilheteria e nem de critica, que não comprou a idéia de Scorsese. Anos depois De Niro reconheceu os problemas do filme afirmando que já sabia que não daria certo pois Scorsese não tinha experiência com esse tipo de produção. Assim “New York, New York” foi sendo gradualmente esquecido até que Frank Sinatra resolveu resgatar a canção tema do filme, a transformando em um de seus maiores sucessos na carreira. Uma canção que virou símbolo da cidade de Nova Iorque sendo sempre lembrada em inúmeros filmes e comerciais até os dias de hoje. Um ícone cultural representativo de uma das maiores metrópoles do mundo.

New York, New York (New York, New York, Estados Unidos, 1977) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Earl Mac Rauch, Mardik Martin / Elenco: Liza Minnelli, Robert De Niro, Lionel Stander / Sinopse: O filme narra as duras lutas de um casal de artistas em Nova Iorque após o fim da segunda guerra mundial.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de março de 2024

Viagem Insólita

Infelizmente a série "Vegas" com Dennis Quaid foi cancelada ainda na primeira temporada. Isso me fez lembrar dos bons anos do ator no cinema, principalmente nas décadas de 80 e 90 quando estrelou filmes pra lá de interessantes. Quer um exemplo? Ora, basta lembrar desse sci-fi 80´s chamado "Viagem Insólita". Como não poderia deixar de ser a idéia partiu do mago Steven Spielberg (no auge de sua criatividade artística). Relembrando os clássicos de sua infância o diretor pensou em aproveitar o argumento de "Viagem Fantástica" para captar aquela inocência das ficções do cinema durante as décadas de 50 e 60. O espírito era justamente esse. Atuando como produtor executivo Spielberg acabou designando para a direção o seu pupilo Joe Dante de "Gremlins". Usando do melhor em termos de efeitos especiais da época o filme mostrava um grande projeto de minituarização. O conceito era tão radical que até mesmo uma nave e seu tripulante eram minituarizados para estudo e exploração do corpo de seres vivos. É justamente nesse programa mais do que ousado que entra o tenente Tuck Pendleton (Dennis Quaid).

Os problemas acabam acontecendo quando ocorre um ataque ao laboratório onde as pesquisas estão sendo realizadas. No meio do caos a nave miniatuarizada com Tuck é inserida no corpo de um homem hipocondríaco, inseguro e muito atrapalhado. Assim Tuck fica literalmente dentro do organismo de Jack Putter (interpretado pelo comediante Martin Short). O filme mescla duas linhas narrativas básicas. Numa delas acompanhamos o tenente Tuck em sua expedição de conhecimento do corpo humano. As cenas são extremamente bem realizadas e isso numa época em que efeitos digitais ainda eram experimentais. Na outra linha vamos acompanhando o complicado Jack tentando entender o que se passa com ele! Divertido, bem realizado e hoje em dia com claro sabor nostálgico do cinema dos anos 80, "Innerspace" se torna um ótimo programa em um fim de noite sem nada para assistir na TV. Se ainda não assistiu não perca!

Viagem Insólita (Innerspace, Estados Unidos,1987) Direção: Joe Dante / Roteiro:  Chip Proser, Jeffrey Boam / Elenco: Dennis Quaid, Martin Short, Meg Ryan / Sinopse: Um projeto de minituarização se torna alvo de um ataque terrorista, fazendo com que no meio da confusão uma nave e seu tripulante sejam inseridos dentro do organismo de um sujeito muito atrapalhado.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de março de 2024

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

Título no Brasil: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Título Original: Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Gary Oldman, Alan Rickman, Emma Thompson, Maggie Smith, Julie Christie

Sinopse:
Harry Potter (Daniel Radcliffe) retorna para Hogwarts, em seu terceiro ano na famosa escola de bruxos e magos. Agora terá que lidar com uma nova ameaça, após a fuga do assassino Sirius Black (Gary Oldman) da prisão de Azkaban. O objetivo do criminoso foragido e encontrar Potter para um desafio de vida ou morte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Trilha Sonora (John Williams) e Melhores Efeitos Especiais. Também indicado a nove prêmios da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, entre eles Melhor Filme de Fantasia, Direção e Ator Coadjuvante (Gary Oldman).

Comentários:
Considero um dos melhores filmes da franquia Harry Potter. Isso se deve muito ao elenco e à direção que foi entregue ao talentoso Alfonso Cuarón (cineasta mexicano que havia se destacado por dirigir, entre outros, "Grandes Esperanças", sendo que recentemente foi destaque por ter realizado o que para muitos é sua maior obra prima, "Gravidade"). Além da direção diferenciada e caprichada, essa produção contou ainda com um time de atores coadjuvantes de primeira linha, a começar por Gary Oldman (deitando e rolando como Sirius Black), Emma Thompson (que aceitou interpretar a professora Sybil Trelawney para impressionar sua filhinha de apenas quatro anos, fã assumida de Harry Potter) e Julie Christie (para quem não sabe, um mito da era de ouro do cinema americano, a eterna Lara de "Dr. Jivago", aqui dando vida a uma personagem meramente secundária, Madame Rosmerta). Outro destaque do elenco vem da estréia do ator Michael Gambon na pele do mago Albus Dumbledore. Ele assumiu o papel após a morte de Richard Harris, falecido em 2002 após concluir sua participação em "Harry Potter e a Câmara Secreta". Além desses ótimos atores e atrizes em cena, o filme ainda se destaca pela excelente direção de arte e pela trama, uma das melhores escritas por J.K. Rowling. Enfim, realmente se tivesse que escolher o melhor filme da franquia pensaria seriamente em apontar para esse, onde todas as peças parecem estar no lugar certo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei

Título no Brasil: O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei
Título Original: The Lord of the Rings - The Return of the King
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, baseado na obra de J.R.R. Tolkien
Elenco: Elijah Wood, Viggo Mortensen, Ian McKellen, Cate Blanchett,Orlando Bloom, Sean Astin, Sean Bean, Christopher Lee 

Sinopse:
Sauron (Sala Baker) está decidido a se apoderar do anel que lhe dará imensos poderes. Para isso envia o mago Saruman (Christopher Lee) para capturar Frodo (Elijah Wood), Sam (Sean Astin) e os demais hobbits que estão em posse da preciosidade. Enquando isso Gandalf (Ian McKellen) lidera as forças do bem. Filme vencedor de onze prêmios da Academia nas categorias Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Edição, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Música Original, Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos Especiais. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção, Música Original e Roteiro.

Comentários:
É o mais bem sucedido filme da franquia "The Lord of the Rings". Também foi o mais premiado, muito embora pessoalmente acredite que o filme foi tão homenageado por ser a conclusão da série (valendo como uma premiação pelo conjunto da obra). Penso que "O Senhor dos Anéis - As Duas Torres" ainda deve ser considerado o melhor filme, isso de um ponto de vista estritamente cinematográfico. O roteiro é melhor trabalhado e a trama tem um desenvolvimento mais bem escrito. Nessa conclusão há uma certa confusão em apresentar tantas estórias paralelas ao mesmo tempo - fruto, é claro, da complexidade da obra original de J.R.R. Tolkien. Depois do lançamento do filme houve boatos de que Peter Jackson teve muitos problemas com o roteiro no set de filmagem, sendo que muitas partes eram reescritas praticamente no calor das filmagens, o que demonstra uma certa preocupação em encaixar tudo no último filme, o que sinceramente o deixou levemente truncado. Quem nunca leu o livro, por exemplo, ficará um pouco perdido com tantos povos, culturas e batalhas acontecendo praticamente ao mesmo tempo. Talvez fosse melhor que mais um filme fosse realizado para caber tanta informação para o espectador. De qualquer maneira como foi o que mais rendeu nas bilheterias e o mais bem sucedido em termos de reconhecimento, isso tudo se torna apenas uma observação jogada ao vento, pois se trata mesmo de um belo filme, embora não seja perfeito.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Um Tiro na Noite

Título no Brasil: Um Tiro na Noite
Título Original: Blow Out
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Brian De Palma
Elenco: John Travolta, Nancy Allen, John Lithgow, Deborah Everton, Dennis Franz, John McMartin

Sinopse:
O filme "Um Tiro na Noite" conta a história de Jack (Travolta), um operador de som que durante uma noite acaba gravando, de forma acidental, o som de um tiro dado poucos segundos antes de um carro cair de uma ponte. Seria a prova de que se trataria na verdade de um assassinato e não de um simples acidente de carro. Com uma prova tão importante em mãos ele passa então a sofrer risco de vida, pois se torna alvo dos verdadeiros assassinos.

Comentários:
O filme traz um Brian De Palma em grande forma. Poderia ir além e dizer até mesmo que a trama do filme era tão boa que poderia dar origem a uma produção de suspense dirigido pelo mestre Alfred Hitchcock. Pena que isso foi impossível na época, pois o veterano diretor inglês já estava morto quando esse filme foi realizado. Ficou a tarefa então para De Palma, já naquela época comparado ao mestre do suspense, sendo apontado como seu legítimo sucessor. Em sua fase mais criativa, isso poderia ser até justificado, com um pouco de boa vontade. O roteiro usa poucos segundos, quando um som de tiro é gravado na madrugada, por mero acidente, para desenvolver toda a sua história. O protagonista, interpretado por um Travolta tentando se dissociar de seus rebolados em filmes como "Os Embalos de Sábado à Noite", é apenas o sujeito errado no lugar errado. E ele terá que pagar caro por isso, pois pessoas importantes querem destruir sua gravação, que se tornou a prova mais importante desse crime. Em seu lançamento original "Blow Out" foi bastante elogiado pela crítica, mas o público não soube valorizar o bom filme que estava em cartaz, fazendo com que a bilheteria fosse decepcionante. Só alguns anos depois quando o filme foi novamente exibido na TV e lançado em VHS é que finalmente se tornou mais popular entre os cinéfilos. Antes tarde do que nunca.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Os Inocentes

Quero deixar mais uma dica para os leitores do blog. O filme se chama Les Innocentes. No Brasil ele recebeu o título de "Agnus Dei". O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial. Para piorar o que já era terrível muitas delas ficam grávidas de seus estupradores, tornando tudo ainda mais sofrido. Para ajudá-las surge uma jovem médica francesa que vai até o convento onde vivem e descobre o drama pela qual passam. As religiosas não possuem qualquer tipo de assistência hospitalar e temem ficar estigmatizadas perante a comunidade caso os estupros cheguem ao conhecimento do povo local. Essa parte do roteiro explora algo que ainda hoje acontece com muitas mulheres vítimas desse crime pavoroso. Com medo de ficarem marcadas para sempre muitas delas preferem o silêncio.

O título original (em português, "Os Inocentes") se refere obviamente às crianças, filhas das pobres freiras estupradas. Embora o roteiro não entre nessa questão o fato é que o filme levanta, mesmo que indiretamente, a questão do aborto envolvendo estupro. Seria correto mesmo condenar uma vida de um ser indefeso e inocente por causa dos crimes de seus pais? Afinal a criança concebida não cometeu crime algum, mas sim seu pai. É ético lhe aplicar uma pena de morte por essa razão? É algo para pensarmos com extremo cuidado.

Por fim aqui vai uma revelação (caso ainda não tenha assistido ao filme pare de ler por aqui). A madre, líder do convento, em determinado momento resolve então levar as crianças recém nascidas para o meio da floresta gelada. Ela acredita que abandonadas elas seriam salvas pela providência divina! Claro que temos aqui uma situação complicada de se lidar. Porém condenar todos aqueles bebês para a morte certa no inverno polonês também nos faz duvidar de nossa própria humanidade. Em momento tocante a própria madre confessa que havia perdido sua alma ao agir assim. Mais do que óbvio. Enfim, não deixe de assistir a essa produção francesa. Sua história tocante certamente tocará fundo em sua alma católica. Um filme triste, mas com uma bela lição de vida.

Agnus Dei (Les innocentes, França, Polônia, 2016) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Sabrina B. Karine, Alice Vial / Elenco: Lou de Laâge, Agata Buzek, Agata Kulesza / Sinopse: O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Rei Davi

Título no Brasil: Rei Davi
Título Original: King David
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Bruce Beresford
Roteiro: Andrew Birkin, James Costigan
Elenco: Richard Gere, Edward Woodward, Alice Krige

Sinopse:
Após vencer o terrível Golias, o jovem Davi (Richard Gere) se torna o novo Rei dos judeus. Durante sua vida (estima-se que tenha vivido entre 1040 a.C até 970 a.C) o monarca da antiguidade se torna um exemplo de rei forte mas piedoso e temeroso perante seu Deus. Baseado nos fatos narrados no Velho Testamento da Bíblia.

Comentários:
Imaginem o galã Richard Gere dando vida no cinema ao lendário Rei Davi de Israel. Pois é, foi justamente isso que a Paramount Pictures tentou transformar em sucesso em meados da década de 80. Nem precisa dizer que não deu muito certo. O roteiro escrito não agradou, nem aos judeus e nem aos cristãos. Houve várias críticas às licenças poéticas mostradas no enredo. Realizar filmes com personagens bíblicos sempre trazem problemas pois certamente algum líder de algum segmento religioso não gostará do resultado final. Em minha forma de ver o filme não é tão ruim como dizem. Certamente o texto não é tão religioso como alguns grupos queriam, priorizando mais o lado mais guerreiro e romântico do famoso monarca. Acredito que muitos religiosos criam sua própria visão do que seria Davi no velho testamento mas na realidade, olhando sob um ponto de vista puramente histórico, ele estaria mais próximo do que efetivamente aconteceu. Não é um grande épico e nem tem produção muito luxuosa mas não me desagradou. Penso que é um filme bem interessante no final das contas.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Chuva Negra

Nick Conklin (Michael Douglas) é um policial norte-americano que é designado para levar um perigoso criminoso até o Japão e entregar sua custódia às autoridades locais. Chegando lá é enganado e acaba entregando o bandido para seus antigos companheiros de crime. Parte então para tentar corrigir seu erro caçando o fugitivo pelas ruas japonesas. Filmes dos anos 80 usaram e abusaram de gelo seco, néon e trilhas sonoras cheias de sintetizadores. Esse "Chuva Negra" não nega sua origem e nem a época em que foi realizado. O diferencial fica por conta da direção de Ridley Scott. O filme é visualmente muito bonito justamente por causa de seu trabalho. Ridley nasceu como cineasta no mercado publicitário e levou todos os maneirismos desse meio para seus filmes. Cada tomada parece ser um comercial de algum produto à venda. De qualquer maneira também procurou dar o melhor de si, aproveitando ao máximo a beleza natural das locações realizadas no Japão, chegando ao ponto de usar a famosa poluição visual das grandes cidades japonesas em seu favor. O roteiro não é inovador, pelo contrário, repete de certa fórmula que foi muito usada nos policiais daquela década. Michael Douglas ao lado de Andy Garcia conseguem manter o interesse pois carisma é o que não falta à dupla de atores.

A única critica maior que tenho a fazer a "Chuva Negra" é a forma muito estereotipada que os japoneses são mostrados em cena. Todos eles são de uma forma ou outra clichês orientais ambulantes. Até o parceiro de Douglas no Japão, interpretado pelo bom ator Ken Takakura, não consegue fugir a isso. O fato é que na época em que o filme foi lançado Japão e EUA disputavam uma ferrenha guerra comercial. Grandes grupos japoneses estavam adquirindo empresas americanas em um ritmo jamais visto. Até no meio cinematográfico isso vinha ocorrendo com a compra da Columbia Pictures pelo grupo Sony. Isso de certa forma mexeu com os brios dos americanos que resolveram se vingar dos orientais nas telas, geralmente os retratando como caricaturas e não como personagens reais. Apesar disso "Chuva Negra" ainda é um bom filme policial dos anos 1980. Diverte e serve como bom passatempo. Pode conferir sem receios.

Chuva Negra (Black Rain, Estados Unidos, 1989) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Craig Bolotin, Warren Lewis / Elenco: Michael Douglas, Andy Garcia, Ken Takakura / Sinopse: Nick Conklin (Michael Douglas) é um policial norte-americano que é designado para levar um perigoso criminoso até o Japão e entregar sua custódia às autoridades locais. Chegando lá é enganado e acaba entregando o bandido para seus antigos companheiros de crime. Parte então para tentar corrigir seu erro caçando o fugitivo pelas ruas do Japão.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

A Escolha de Sofia

Título no Brasil: A Escolha de Sofia
Título Original: Sophie's Choice
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Alan J. Pakula
Roteiro: Alan J. Pakula
Elenco: Meryl Streep, Kevin Kline, Peter MacNicol, Josh Mostel, Robin Bartlett, Eugene Lipinski

Sinopse:

Baseado no romance escrito por William Styron, o filme conta a história de Sophie (Meryl Streep), uma polonesa sobrevivente do holocausto que tenta recomeçar sua vida em Nova Iorque, mas não consegue superar um grande trauma do passado. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de melhor atriz (Meryl Streep). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor roteiro adaptado, direção de fotografia (Néstor Almendros), melhor figurino e melhor trilha sonora original (Marvin Hamlisch).

Comentários:
Um filme dramático até hoje lembrado pelos cinéfilos. Na realidade temos aqui três personagens principais. Sophie é uma sobrevivente de Auschwitz. Seu pai era um professor que odiava judeus, um antissemita. Pouco adiantou, pois mesmo assim não escapou dos campos de concentração. Os nazistas, em determinado momento da guerra, decidiram matar todos os professores, não importando que lado eles estavam. Sophie também foi enviada para morrer no holocausto e precisou fazer uma escolha trágica em relação aos seus filhos. O filme se passa alguns anos depois de toda essa tragédia. Ela está em Nova Iorque, morando com seu companheiro, um sujeito com problemas mentais que tem delírios de grandeza, acreditando em suas próprias mentiras. Esse personagem é brilhantemente interpretado pelo ator Kevin Kline em uma de suas melhores atuações. O terceiro elo é de um jovem escritor que relembra toda a história através de seu próprio livro de memórias, publicado décadas depois. Meryl Streep foi premiada em todos os grandes prêmios daquele ano, porém devo dizer que já vi ela brilhando muito mais em outros filmes. Em termos de interpretação quem se destaca mesmo é, como já escrevi, Kline. De qualquer maneira a força da história, envolvendo uma mãe que precisa escolher qual filho vai sobreviver e qual vai morrer nas mãos dos nazistas, já é chocante e impactante por si própria. É um desses momentos em que o espírito humano não consegue superar. Um trauma a ser levado e sofrido pelo resto da vida. Afinal que ato poderia ser mais trágico do que ao de uma mãe que precisa decidir sobre a vida e a morte de seus próprios filhos?

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

O Siciliano

Título no Brasil: O Siciliano
Título Original: The Sicilian
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Michael Cimino
Roteiro: Steve Shagan, baseado na obra de Mario Puzo
Elenco: Christopher Lambert, Terence Stamp, John Turturro, Joss Ackland, Barbara Sukowa, Giulia Boschi

Sinopse:
O filme conta a história de Salvatore Giuliano (Christopher Lambert). Uma figura histórica real e controversa que fez parte da história italiana. Ele era considerado um criminoso, um bandido, pela elite, pela igreja e pelos donos de terras. Já para o povo ele era visto como  um herói revolucionário, um homem corajoso que se destacou na luta pela independência da Sicília

Comentários:
O roteiro desse filme foi inspirado no livro escrito por Mario Puzo, o mesmo autor de "O Poderoso Chefão". O talentoso cineasta Michael Cimino foi escolhido para dirigir a boa produção, que contou inclusive com um belo orçamento. Além disso o elenco trazia Christopher Lambert, um ator badalado na Europa por causa do sucesso de seus filmes recentes. Então por que com todos esses elementos o filme não deu certo como tantos esperavam? Em meu ponto de vista quem errou foi Michael Cimino. Ao longo de toda a sua carreira ele repetiu um erro em seus filmes. O corte final errado. Sempre Cimino se enrolava quando ia para a sala de edição para comandar o corte final de seus filmes. Geralmente ele deixava cenas desnecessárias e cortava momentos mais importantes do filme. E o pior é que quase sempre seus filmes ficavam longos demais... e muitas vezes bem chatos. O mesmo aconteceu aqui. Ele brigou com o estúdio, tentou lançar sua versão (que durava mais de 3 horas!) e no final acabou tendo que ceder. O que chegou ao público da época foi um filme picotado, para ser comercial. Alguns momentos ficaram sem sentido... a edição se tornou um desatre. Por isso se for assistir agora prefira uma versão mais modesta que o próprio Cimino montou, denominada Director's Cut. Essa, de todas as que asssiti, foi certamente a mais equilibrada.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

O Ano do Dragão

"O Ano do Dragão" foi um dos grandes sucessos de Mickey Rourke no mercado de vídeo que naquele momento estava invadindo todos os lares aqui no Brasil e lá fora. A fita, um policial movimentado e com ares de filmes de ação, caiu bem em cheio no gosto popular. A produção foi dirigida pelo cineasta Michael Cimino que já havia trabalhado com Mickey Rourke em um dos maiores fracassos de sua carreira: o caro e mal sucedido "O Portal do Paraíso". O roteiro é de Oliver Stone, naquele momento apenas um roteirista de sucesso que iria em breve estourar com o grande êxito de público e crítica "Platoon" que mostrava as vísceras da Guerra do Vietnã. Curiosamente o policial interpretado por Rourke aqui também é veterano do Vietnã e odeia asiáticos em geral. 

Numa das cenas mais famosas ele desdenha de um oriental que tenta lhe explicar a importância da cultura milenar do oriente. Em um diálogo tipicamente xenófobo ele responde: "Vocês podem ter milhares de anos mas os Estados Unidos só tem duzentos e aqui as coisas são feitas assim!" Mickey Rourke surge em cena com os cabelos pintados de branco e seu personagem se chama Stanley White (branco) - seria mais uma reafirmação implícita do poder da raça branca sobre a amarela proposta discretamente por Oliver Stone em seu texto? Quem sabe o que se passava afinal na cabeça dele, só podemos mesmo deduzir sobre todas essa mensagens subliminares presentes no roteiro. "O Ano do Dragão" trouxe um sopro de fôlego renovado na carreira de Michael Cimino pois foi comercialmente bem sucedido. Logo após ele tentou novamente emplacar um sucesso com "O Siciliano" com Christopher Lambert mas as coisas não deram certo e o filme foi novamente um fracasso, contribuindo para encerrar a carreira do diretor.  

O Ano do Dragão (Year of The Dragon, Estados Unidos, 1986) Direção: Michael Cimino / Roteiro: Oliver Stone baseado no livro de Robert Daley / Elenco: Mickey Rourke, John Lone, Raymond J. Barry, Caroline Kava / Sinopse: Stanley White (Mickey Rourke) é um policial que investiga uma série de crimes dentro de uma comunidade chinesa em Nova Iorque.  

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Negócios de Família

Título no Brasil: Negócios de Família
Título Original: Family Business
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Vincent Patrick
Elenco: Sean Connery, Dustin Hoffman, Matthew Broderick

Sinopse: 
Uma família de criminosos entra em conflito após o avô Jessie (Sean Connery) cumprir sua longa pena por assalto. De volta às ruas ele pretende retomar sua vida de delitos. Para isso acaba convidando seu neto,  Adam (Matthew Broderick), para participar de um plano envolvendo um ousado assalto a banco. O convite acaba sendo combatido pelo pai de Adam, Vito (Dustin Hoffman), um ex-criminoso que agora está tentando voltar a uma vida honesta.

Comentários:
Um filme que tinha tudo para se tornar uma pequena obra prima mas que ficou pelo meio do caminho, assim podemos definir esse "Family Business" que prometia muito, principalmente por causa do excelente elenco, mas que cumpriu pouco. O resultado é morno, o que é de surpreendente pelos talentos envolvidos. Até mesmo o grande Sidney Lumet se mostra sem inspiração, burocrático mesmo. Outro aspecto muito curioso é que os atores não tinham faixa etária para representarem avô, pai e filho - as idades não batiam. Mesmo assim o estúdio ignorou isso e todos foram escalados, principalmente por causa de seu apelo comercial junto ao público. Dos três astros do elenco principal (que eu particularmente aprecio muito de outros trabalhos) o que se sai melhor em cena é Dustin Hoffman. É o único que parece ter se preocupado em desenvolver melhor seu personagem. Os demais não se destacam muito. Sean Connery não parece levar o seu papel muito à sério e Matthew Broderick está ofuscado, talvez pelo brilho natural dos mais veteranos. Interessante também notar que Broderick teve uma oportunidade incrível de trabalhar ao lado de verdadeiros monstros do cinema por essa época, inclusive trabalhando com o mito Marlon Brando em "Um Novato na Máfia".

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Rain Man

Assisti nos anos 80, só agora resolvi rever. É um filme muito bom, com uma atuação primorosa da dupla principal de atores, Dustin Hoffman e Tom Cruise. O astro mais popular de Hollywood na época interpretou esse jovem brigado com o pai que tenta ganhar a vida importando carros italianos luxuosos. Só que o negócio vai de mal a pior. Durante uma viagem com a namorada é informado da morte do pai. Ele então parte para o enterro e tem duas surpresas. A primeira é que o velho não lhe deixou praticamente nada, a não ser uma coleção de roseiras e um antigo carro dos anos 40. A outra surpresa é descobrir que o grosso do dinheiro (3 milhões de dólares) foi para um irmão que ele nem sabia existir. Um homem autista que vive em uma instituição psiquiátrica.

Assim Charlie (Cruise) vai até lá e acaba conhecendo o irmão Raymond (Hoffman) que como todo autista é capaz de fazer coisas incríveis com seu cérebro (como fazer cálculos complicados) ao mesmo tempo em que não consegue cuidar de si mesmo, fazer as coisas mais simples, como cuidar de sua alimentação, suas roupas, e agir de forma normal. Claro que com suas limitações ele também não consegue se relacionar normalmente com outras pessoas. O choque entre o irmão yuppie estressadinho, que só pensa em dinheiro e o irmão autista, com todos esses problemas, embora tendo um bom coração, é o grande atrativo do roteiro desse filme.

Tudo é desenvolvido com muita sutileza, mas também usando de momentos pontuais de bom humor. Um tipo de roteiro bem balanceado, algo raro hoje em dia. "Rain Man" (nome do amigo imaginário da infância do personagem de Cruise) rendeu uma excelente bilheteria e foi premiado com o Oscar de melhor filme naquele ano. O ator Dustin Hoffman também foi premiado (justamente) e o diretor Barry Levinson também levou a estatueta para casa. Só Tom Cruise ficou de mãos abanando! Nessa época ele procurava por seu tão cobiçado Oscar, mas parece que depois de um tempo desistiu dessa busca. Hoje se limita a fazer filmes populares de ação, como a franquia "Missão Impossível" pelos quais, obviamente, nunca, jamais, será premiado. Ossos do ofício.

Rain Man (Estados Unidos, 1988) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Barry Morrow, Ronald Bass / Elenco: Tom Cruise, Dustin Hoffman, Valeria Golino, Gerald R. Molen / Sinopse: Após a morte do pai, Charlie (Tom Cruise) descobre que ficou sem nada, que seu pai não lhe deixou nada de valioso. Todo o dinheiro - uma pequena fortuna de 3 milhões de dólares - acabou indo parar nas mãos de um irmão que ele desconhecia até então, um homem chamado Raymond (Hoffman), portador da síndrome do autismo.

Pablo Aluísio.