domingo, 31 de dezembro de 2023
O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel
Título Original: The Lord of The Rings The Fellowship of the Ring
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, baseado na obra de J.R.R. Tolkien
Elenco: Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, Cate Blanchett, Sean Astin, Ian Holm, Christopher Lee, Viggo Mortensen
Sinopse:
Frodo Baggins (Elijah Wood) é um hobbit que fica de posse de um antigo anel que havia pertencido ao seu tio Bilbo Baggins (Ian Holm). Após mostrá-lo para Gandalf (Ian McKellen) esse o alerta de que não se trata de uma peça comum, mas sim de um poderoso artefato que dará poderes inimagináveis para quem o usar. Se cair nas mãos de Sauron será o fim da Terra Média. Filme indicado a treze prêmios da Academia. Vencedor dos Oscars de Melhor Fotografia, Maquiagem, Música e Efeitos Especiais.
Comentários:
Esse foi o primeiro filme da trilogia "The Lord of the Rings". Durante muitos anos se pensou que o livro escrito por J.R.R. Tolkien não poderia ser adaptado para o cinema. Era uma obra tão complexa e que exigia um orçamento tão imenso que nenhum estúdio estava disposto a arriscar. Coube ao mediano New Line Cinema topar o desafio. O resultado se vê em cada pequeno detalhe. Uma produção realmente maravilhosa que conseguiu fazer jus ao talento do grande escritor. O interessante é que não se trata de um filme com orçamento gigantesco. Essa primeira aventura, por exemplo, custou menos do que 100 milhões de dólares, um valor muito razoável para um filme desse porte. Palmas também para Peter Jackson que de diretor desacreditado no começo do projeto se revelou um verdadeiro mestre nesse tipo de produção. Para economizar custos e aproveitar a linda natureza local o estúdio enviou toda a equipe para a Nova Zelândia - uma ilha bem ao lado da Austrália, onde tudo foi realizado sem maiores problemas. Não há como negar que "The Lord of the Rings - The Fellowship of the Ring" seja um marco do cinema de fantasia. Revisto hoje em dia já não causa mais tanto impacto, mas isso se deve principalmente aos dois filmes que viriam a seguir, que se revelaram bem superiores a esse. De qualquer maneira é uma bela obra cinematográfica.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
Harry Potter e a Pedra Filosofal
Título no Brasil: Harry Potter e a Pedra Filosofal
Título Original: Harry Potter and the Sorcerer's Stone
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Richard Harris, Maggie Smith, Ian Hart, John Hurt
Sinopse:
O garoto Harry Potter (Daniel Radcliffe) acaba descobrindo que seus pais foram famosos bruxos no passado e recebe uma carta para ir estudar na escola de magia de Hogwarts. Uma vez lá vê sua vida mudar completamente ao conhecer novos amigos e colegas de classe. O que ele não esperava é que um velho inimigo de seus pais também está de volta e ao que parece, mais forte do que nunca. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Figurinos e Melhor Música (John Williams). Filme também indicado ao BAFTA Awards e vencedor do prêmio de Melhor Figurino da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Film.
Comentários:
Esse foi o primeiro filme da longa e bem sucedida franquia do personagem Harry Potter no cinema. Durante anos tentou-se convencer a escritora J.K. Rowling a vender os direitos para o cinema, mas foi apenas em 2000 que ela finalmente assinou com a Warner Bros. Em troca exigiu poder de veto, ou seja, ela poderia vetar a escolha do diretor e demais membros da equipe técnica. O escolhido acabou sendo o especialista Chris Columbus, um diretor que conhecia bem o nicho infanto-juvenil. Além de ser um entendido no mercado ele também era considerado pouco autoral e até mesmo inofensivo (ou seja, não iria mudar muito a essência dos livros). Muito provavelmente por causa de todas essas características reunidas acabou caindo nas graças da autora. Assim Columbus acabou criando um filme que é a sua cara. Bonito visualmente, com excelente direção de arte, cenários deslumbrantes, efeitos especiais de bom gosto, mas também quase que completamente asséptico.
Como se trata de um filme de apresentação, ou seja, onde todo o universo de Potter foi apresentado ao grande público pela primeira vez, até que funcionou muito bem. Como obra puramente cinematográfica porém deixa obviamente a desejar. É um filme realizado para o grande circuito comercial, para as massas, então não espere por nada que seja surpreendente ou inovador. Muito longe disso. Columbus parecia estar apenas preocupado em contar seu enredo sem pisar nos calos de absolutamente ninguém. Como um filme assim, baseado em um livro tão popular, não poderia fracassar, o gostinho que ele deixou no final é de ser um grande e longo pastel de vento. Bonito e charmoso, temos que admitir, mas mesmo assim um pastel de vento sem muito conteúdo. Outro aspecto que vale menção é que se você viu o filme há muito tempo vai acabar se surpreendendo com o elenco. Na época eles não passavam de crianças, sem muito o que fazer em cena. Da trupe a que mais se destaca ainda é a Emma Watson, que apesar da pouca idade, já deixava claro que tinha muita personalidade. Os demais ficam restritos na categoria de "crianças fofinhas". Então é isso, "Harry Potter and the Sorcerer's Stone" é puro mainstream, embalado por uma popularidade poucas vezes vista no mercado literário. Uma fórmula que não costuma mesmo dar errado.
Pablo Aluísio.
domingo, 24 de dezembro de 2023
Willow
O enredo é bem fantasioso, passado em um tempo medieval com monstros, dragões, rainhas maquiavélicas e feiticeiras. Uma espécie de "O Senhor dos Anéis" mais modesto e menos pretensioso. O mais interessante é que apesar de ter uma boa produção - onde não faltaram nem mesmo excelentes efeitos visuais, alguns usando tecnologia digital pela primeira vez na história - o filme acabou se perdendo mesmo no roteiro, justamente o que foi escrito por Lucas. O que foi tão original e inspirador na franquia "Star Wars" aqui soa repetitivo, nada original, sem encanto e nem carisma. Sendo extremamente sincero, Lucas se rendeu a clichês de todos os tipos, alguns bem óbvios e vergonhosos. No final o que temos em mãos é uma obra pouco memorável e nada marcante dentro da filmografia do cineasta. Esse enredo provavelmente ficaria melhor restrito apenas no mundo da literatura pois no cinema não funcionou muito bem.
Willow - Na Terra da Magia (Willow, Estados Unidos, 1988) Direção: Ron Howard / Roteiro: George Lucas, Bob Dolman / Elenco: Val Kilmer, Joanne Whalley, Warwick Davis./ Sinopse: Um guerreiro medieval e um jovem camponês se tornam os protetores e guardiões de uma criança muito especial. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais e Melhores Efeitos Sonoros.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Acerto de Contas
Título Original: The Big Easy
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Jim McBride
Roteiro: Daniel Petrie Jr.
Elenco: Dennis Quaid, Ellen Barkin, Ned Beatty
Sinopse:
O detetive do departamento de homicídio de New Orleans, Remy McSwain (Dennis Quaid), precisa desvendar uma série de assassinatos violentos supostamente cometidos por uma gangue de criminosos, ao mesmo tempo em que tem que lidar com a bela, sensual mas perigosa Anne Osborne (Ellen Barkin), que trabalha na procuradoria do estado, sempre em busca de tiras corruptos da corporação.
Comentários:
Já que estamos falando do Dennis Quaid essa é uma boa oportunidade para lembrar desse filme policial estrelado pelo ator nos anos 80. Essa é a típica fitinha que fazia sucesso em locadoras de vídeo VHS. Bem realizada, com trama inteligente e esperta e muito clima ao estilo 80´s, cheio de jogo de sombras e linguagem de videoclip. Curiosamente com os anos o filme foi ganhando um imprevisto status cult que se preserva até os dias atuais. Também pudera, Dennis Quaid nunca esteve melhor do que aqui, na pele do detetive Remy McSwain! E o que falar de Ellen Barkin no auge da beleza e sensualidade? Sinceramente em seus bons tempos a Barkin foi uma das mulheres mais sensuais do cinema americano, colocando literalmente fogo nos filmes em que atuava. Ela nunca foi um símbolo de beleza perfeita, mas tinha um olhar de arrasar! A boa direção ficou com o cineasta Jim McBride, que muita gente pensa ser da Irlanda mas que nasceu mesmo em Nova Iorque. Ele voltaria a trabalhar com Quaid logo após em "A Fera do Rock", aquela cinebiografia em ritmo de histórias em quadrinhos sobre o roqueiro veterano Jerry Lee Lewis. Então é isso, o filme já não é tão fácil de achar hoje em dia, mas merece o garimpo.
Pablo Aluísio.
domingo, 17 de dezembro de 2023
Veludo Azul
Título Original: Blue Velvet
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: De Laurentiis Entertainment Group
Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch
Elenco: Isabella Rossellini, Kyle MacLachlan, Dennis Hopper, Laura Dern, Hope Lange, Dean Stockwell
Sinopse:
O jovem Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan) encontra uma orelha decepada em um jardim. Em busca de respostas ele acaba caindo no lado mais obscuro de sua cidade, onde convivem estranhas pessoas como a cantora Dorothy Vallens (Isabella Rossellini) e o viciado perigoso Frank Booth (Dennis Hopper). Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção (David Lynch).
Comentários:
Nunca foi a intenção do diretor David Lynch fazer um cinema convencional, dentro dos padrões. Pelo contrário, ele sempre preferiu o lado estranho e bizarro do mundo. Seus filmes, seus roteiros, rejeitam o normal, o comum. Esse "Veludo Azul" segue sendo um exemplo perfeito do tipo de cinema que ele sempre procurou fazer. E é também uma amostra da qualidade cinematográfica que ele atingiu em sua carreira. Em termos gerais é um filme de complicada definição. Na época de seu lançamento original muitos críticos afirmaram que era um tipo de novo cinema noir, utilizando a estética dos anos 40 em um cinema atual. Sim, há elementos noir nesse roteiro, inclusive ambientação, clima, etc, porém o estilo de David Lynch também é bem peculiar e singular, nada comparado com essa antiga escola cinematográfica. O saldo final é muito interessante. O espectador comum vai achar tudo meio estranho, com aspectos que não fazem muito sentido. O cinéfilo mais veterano por outro lado vai bater palmas para a coragem de Lynch, que aqui ousou sair do lugar comum, do banal e saturado cinema comercial americano.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
Filhos do Silêncio
Título Original: Children of a Lesser God
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Randa Haines
Roteiro: Mark Medoff, Hesper Anderson
Elenco: William Hurt, Marlee Matlin, Piper Laurie
Sinopse:
Baseado na peça teatral escrita por Mark Medoff, o drama "Filhos do Silêncio" narra o relacionamento entre o professor James Leeds (William Hurt) e sua aluna com necessidades especiais Sarah Norman (Marlee Matlin). A jovem é surda, tem muitos problemas de contato social com outras pessoas e carrega traumas que a martirizam muito do ponto de vista psicológico. Aos poucos porém o professor consegue vencer várias barreiras, se tornando muito próximo dela. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Marlee Matlin). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (William Hurt), Melhor Atriz Coadjuvante (Piper Laurie) e Melhor Roteiro Adaptado.
Comentários:
Esse filme foi derrotado no Oscar de Melhor Filme para "Platoon". Sempre achei isso uma injustiça. Embora o filme de Oliver Stone fosse muito bom o fato é que essa produção tinha um propósito bem maior, mais relevante, explorando em sua história as dificuldades de uma jovem com problemas de surdez. A atriz Marlee Matlin, que é deficiente auditiva na vida real, teve o desempenho de sua vida, numa interpretação que lhe valeu o Oscar. Foi mais do que merecido. Ela consegue passar inúmeras emoções e sentimentos sem precisar para isso usar de diálogos ou falas. Apenas usa suas expressões faciais, sua linguagem corporal e suas habilidades de empatia com o público. Há um aspecto em seu passado que sempre a atormentou e ela leva isso para o complexo relacionamento que desenvolve com seu próprio professor. Em suma, um enredo muito bonito, tocante e humano. Certamente vai tocar fundo nas pessoas mais sensíveis, mais sentimentais. É um dos melhores dramas dos anos 80 que de quebra ainda trouxe uma afirmação positiva sobre a vida de pessoas com algum tipo de deficiência física. Todos são humanos, todos sentem e sofrem, como qualquer outra pessoa. Esse é certamente o mais importante legado dessa bela mensagem em forma de obra cinematográfica.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Cowboy do Asfalto
Em uma dessas noites ele acaba conhecendo Sissy (Debra Winger), uma garota que adora o universo country. Depois de uma paixão avassaladora resolvem dar o grande passo de suas vidas, se casando de forma até prematura. O que parecia ser um belo caminho a trilhar em suas vidas infelizmente logo começa a ruir com os problemas do cotidiano. Falta de grana e meios para se viver melhor. A grande chance de dar a volta por cima acaba vindo em torno de uma competição esportiva de montaria ao touro mecânico, que promete pagar um belo prêmio ao último cowboy que conseguir ficar firme na montaria até o apito final.
“Cowboy do Asfalto” é interessante porque conseguiu captar a vida de dois jovens comuns que apaixonados vivem as incertezas do casamento. Durante a semana eles pegam pesado no batente, geralmente em empregos desgastantes e sem nenhum atrativo, mas extravasam suas frustrações durante o fim de semana quando se vestem como vaqueiros do interior, dançam e se divertem ao som de muita música country, participando de competições do gênero como a montaria no touro mecânico.
John Travolta, bem jovem e cheio de maneirismos, repete de certa forma seu tipo de interpretação que havia desenvolvido em filmes como “Grease” e “Os Embalos de Sábado à Noite”. A única novidade é o universo country ao seu redor. Melhor se sai Debra Winger como a jovem que só quer ser feliz ao lado do amor de sua vida. O filme tem muita música, dança (como era de se esperar de um filme com John Travolta naquela época) e romance. Revendo hoje em dia o filme ganha muito no aspecto nostalgia (principalmente para quem foi jovem nas décadas de 70 e 80) e por isso vale ser revisto. Ah e antes que me esqueça: a trilha sonora de “Cowboy do Asfalto” é um prato cheio para quem gosta de música country, inclusive com a participação de muitos cantores famosos na época. Se você é fã do estilo não deixe de ver.
Cowboy do Asfalto (Urban Cowboy, EUA, 1980) Direção: James Bridges / Roteiro: Aaron Latham, James Bridges / Elenco: John Travolta, Debra Winger, Scott Glenn / Sinopse: O filme narra os problemas e o romance de um casal de jovens que vivem em uma grande cidade americana mas que procuram preservar as suas origens dentro do universo country.
Pablo Aluísio.
domingo, 10 de dezembro de 2023
Cotton Club
Título Original: The Cotton Club
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Zoetrope Studios
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: William Kennedy, Francis Ford Coppola
Elenco: Richard Gere, Gregory Hines, Diane Lane
Sinopse:
As estórias, dramas, romances e decepções daqueles que fizeram a fama do Cotton Club, uma popular casa noturna de jazz localizada no bairro do Harlem em Nova Iorque. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte e Melhor Edição (Barry Malkin e Robert Q. Lovett). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção (Francis Ford Coppola).
Comentários:
Verdade seja dita: poucos diretores amaram mais a sétima arte do que Francis Ford Coppola. E essa não é uma frase vazia. O cineasta apostou alto em seu amor pelo cinema. Não mediu esforços e colocou toda a sua fortuna em prol da realização de filmes que sonhava realizar. Muitos deles foram fracassos comerciais monumentais que destruíram sua estabilidade financeira. Mas Coppola, tão idealista e apaixonado, não se importava em pagar esse alto preço. "The Cotton Club" faz parte da série de filmes que arruinaram o diretor do ponto de vista comercial. Ele porém amou a oportunidade de realizar esse velho sonho, quase uma homenagem ao mundo da música, tudo rodado em um universo meio mágico, quase uma fábula. Pode ter sido um fracasso comercial, mas do ponto de vista puramente artístico é uma grande obra cinematográfica. O diretor estava tão inspirado que conseguiu até mesmo arrancar uma grande interpretação do ator Richard Gere, considerado até então um canastrão inveterado. E o que dizer de Gregory Hines? Ele literalmente rouba as cenas em que aparece. Assim o que temos aqui é uma declaração de amor ao cinema e à música, pelas mãos do genial Francis Ford Coppola! Se as pessoas na época de lançamento não entenderam isso, certamente não é culpa do diretor, que sempre esteve tão a frente de seu tempo. Excelente musical.
Pablo Aluísio.
sábado, 9 de dezembro de 2023
A Morte de Ryan O’Neal
domingo, 3 de dezembro de 2023
Wall Street
Depois do grande sucesso de “Atração Fatal” o ator Michael Douglas resolveu unir forças com o polêmico diretor Oliver Stone. Ambos sempre foram ideologicamente muito próximos, seguindo a linha mais liberal e essa sincronia de pensamentos os levou a trabalhar juntos nesse “Wall Street”. O filme obviamente soava como uma crítica nada sutil aos executivos de Wall Street, o centro financeiro de Nova Iorque. Lá, onde fortunas eram ganhas praticamente da noite para o dia, convive uma série de "tubarões" do sistema capitalista americano, entre eles um dos mais agressivos é justamente Gordon Gekko (Michael Douglas), um sujeito sem qualquer escrúpulo que está mais interessado em especular e ganhar rios de dinheiro a todo custo, mesmo que de modo fraudulento, do que qualquer outra coisa. Do outro lado surge um recém chegado naquele mundo, o jovem Bud Fox (Charlie Sheen), que não demora a entender as regras do jogo naquele ambiente hostil e realmente selvagem.
Por falar em Charlie Sheen o ator era na época de “Wall Street” um dos mais promissores astros da nova geração de Hollywood. Ele havia estrelado o sucesso “Platoon” com o mesmo diretor Oliver Stone e na época era apontado, ao lado de Tom Cruise, como um dos grandes mega astros do futuro. O problema é que enquanto Cruise fazia de tudo para manter sua vida pessoal e imagem na linha, Sheen seguia o caminho oposto se envolvendo em escândalos com esquemas de prostituição e drogas, afundando suas pretensões de virar realmente uma estrela de cinema de primeira grandeza. Já Oliver Stone encontrou aqui um palco adequado para dar mais uma vez seu recado. Profundo contestador do sistema americano ele aqui centra fogo contra o lado mais desumano do capitalismo ianque, criticando dentro de sua estória um regime onde muitos não possuem quase nada e pouquíssimos se esbaldam em luxos e riqueza (muitas vezes sem nada terem feito de concreto para isso). Com sua visão política apurada Oliver Stone logo virou alvo de muitas críticas mas isso no fundo não importa pois o que sobressai no final é o fato de que o filme “Wall Street” é realmente muito bom, se tornando ainda hoje muito atual.
Wall Street – Poder e Cobiça (Wall Street, Estados Unidos, 1987) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Stanley Weiser, Oliver Stone / Elenco: Michael Douglas, Charlie Sheen, Tamara Tunie, Franklin, Martin Sheen / Sinopse: No mundo de Wall Street um velho e um novo especulador tentam enriquecer dentro do milionário mercado de ações da economia americana.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 29 de novembro de 2023
Nos Calcanhares da Máfia
Título Original: The Pope of Greenwich Village
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Stuart Rosenberg
Roteiro: Vincent Patrick
Elenco: Eric Roberts, Mickey Rourke, Daryl Hannah, Geraldine Page
Sinopse:
Charlie (Mickey Rourke) e seu primo problemático Paulie (Eric Roberts) decidem roubar 150 mil dólares para apostar em um cavalo, cujo resultado antecipado caiu nos ouvidos de Paulie. O problema é que o dinheiro pertence ao chefão da máfia local e isso certamente trará muitos problemas para todos os envolvidos no crime. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Atriz Coadjuvante (Geraldine Page).
Comentários:
Mickey Rourke fez muitos filmes interessantes no começo de sua carreira. Um dos mais relevantes (e que anda bastante esquecido nos dias de hoje) é esse "The Pope of Greenwich Village". Hoje a película é uma das mais raras no mercado, até porque até onde vai minha memória o filme não foi sequer lançado em VHS no Brasil. Em termos estéticos o filme lembra bastante o visual das produções policiais dos anos 70. O realismo é focado em cada momento e o clima de sordidez que impera nos bairros mais populares de Nova Iorque explode na tela. Embora o filme tenha sido estrelado por Eric Roberts (irmão de Julia Roberts, um ator cuja carreira infelizmente não aconteceu), o destaque vai mesmo para Mickey Rourke. No auge de seu estilo cool de ser, com cabelo desgrenhado e barba por fazer, ele era a aposta da crítica para ocupar um lugar que um dia fora de Brando e James Dean. Era o próprio ator rebelde daqueles anos. Pena que tanta rebeldia acabou prejudicando sua própria carreira, pois Rourke recusaria nos anos seguintes ótimos filmes e se envolveria em brigas com produtores e escândalos na vida pessoal. Tudo foi minando sua subida rumo ao panteão dos deuses de Hollywood. De uma forma ou outra filmes como esse capturaram para a posterioridade seus melhores momentos dentro da sétima arte. Por essas e outras razões "Nos Calcanhares da Máfia" merece certamente ser redescoberto nos dias de hoje.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 28 de novembro de 2023
Mais Forte Que o Ódio
“Mais Forte Que o Ódio” aposta em um roteiro de rotina, é verdade, mas com alguns aspectos bem curiosos. O ator que contracena com Sean Connery, Mark Harmon, vinha de algumas comédias bem despretensiosas como “Curso de Férias” e encarava pela primeira vez um papel mais sério. O interessante é que encontraria o sucesso finalmente na TV em NCSI onde interpretaria um personagem parecido com o que desempenha aqui, a de um policial investigador especializado em crimes militares. Ao seu lado já dando os primeiros passos para se tornar a “namoradinha da América” surge Meg Ryan, que na época era o protótipo da mocinha do cinema americano. O diretor Peter Hyams já havia trabalhado alguns anos antes com Sean Connery na aventura futurista “Outland - Comando Titânio”. Revisto hoje em dia “Mais Forte Que o Ódio” certamente ainda mantém o interesse. Na época de seu lançamento fez boa carreira nos cinemas por causa de Sean Connery que vivia um novo momento na carreira. Agora merece ser revisto como um bom filme policial de ação dos anos 80. Fica a dica.
Mais Forte Que o Ódio (The Presidio, Estados Unidos, 1988) Direção: Peter Hyams / Roteiro: Larry Ferguson / Elenco: Sean Connery, Mark Harmon, Meg Ryan / Sinopse: Após um brutal crime cometido dentro de um presídio militar dois investigadores que se odeiam na vida pessoal terão que superar isso para solucionar o caso.
Pablo Aluísio.
domingo, 26 de novembro de 2023
Cocktail
Tom Cruise fez nos anos 80 alguns filmes bem vazios onde não havia conteúdo - apenas um fiapinho de enredo para ele desfilar suas caras e bocas. Eram produções que mais pareciam videoclips da MTV (essa linguagem estava em alta com a moçada da época)."Cocktail" é um produto assim. Junto com "Dias de Trovão" é o que há de mais banal na carreira do ator. Nessa época ele ainda não havia despertado para produções melhores como "Nascido em 4 de Julho" ou "Rain Man" (seus filmes seguintes) e se concentrava mesmo em fazer papel de "gostosão de plantão atrás do balcão". Por isso não espere nada de "Cocktail" pois esse é na realidade apenas um clipão estendido com ares de cartão postal. Bonitinha a produção mas vazia como uma bola de chiclete.
Cocktail (Cocktail, Estados Unidos, 1988) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Heywood Gould / Elenco: Tom Cruise, Bryan Brown, Elisabeth Shue / Sinopse: Jovem (Tom Cruise) tenta subir na vida em Nova Iorque estudando de dia e trabalhando de Barman durante à noite.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
Sem Saída
Tanto um como o outro foram muito bem recebidos pela crítica. Não é para menos, são realmente filmes muito bons, excelentes produções em seus respectivos gêneros. Se “Os Intocáveis” revitalizava os chamados filmes de gangsters, “Sem Saída” era um ótimo thriller de suspense e tensão com ótimo roteiro, extremamente bem escrito. Outro destaque era o elenco excepcional. Além de Kevin Costner o filme trazia o sempre ótimo Gene Hackman e a cultuada atriz Sean Young, de “Blade Runner”, que infelizmente veria sua carreira naufragar anos depois por causa de seu estranho comportamento com colegas e demais profissionais da área (para alguns Sean Young sofria mesmo era de algum tipo de doença mental que a fazia assumir comportamentos completamente bizarros e fora do padrão). Deixando isso de lado, “Sem Saída” mostra em seu enredo a armadilha na qual se vê envolvido o oficial da Marinha americana Tom Farrel (Kevin Costner).
Sem Saída (No Way Out, Estados Unidos, 1987) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Robert Garland baseado no livro de Kenneth Fearing / Elenco: Kevin Costner, Gene Hackman, Sean Young / Sinopse: Um oficial da Marinha Americana se vê envolvido numa rede de conspirações com o alto escalão do governo. No meio da trama sua namorada acaba sendo morta de forma misteriosa. Agora o oficial terá que provar sua inocência de qualquer forma antes que sua imagem numa foto o ligue diretamente ao local do crime.
Pablo Aluísio.
domingo, 19 de novembro de 2023
Lenny
No papel de Lenny surge o talentoso Dusfin Hoffman. Hoje em dia o ator é apenas uma sombra do que foi em seu auge. É realmente triste ver um trabalho desses, tão brilhante, e depois tomar consciência de que estamos na presença do mesmo Hoffman que agora dubla animações sem qualquer relevância para sua rica filmografia. Uma das melhores coisas desse Lenny é a fotografia inspirada. Geralmente o personagem é mostrado no palco em um brilhante jogo de sombras e luzes que realmente impacta ao espectador. Dustin Hoffman obviamente brilha, tanto na recriação dos textos de Lenny Bruce em suas apresentações como nas conturbadas passagens de sua vida pessoal. Um retrato de um homem perturbado por muitos conflitos internos que mesmo assim ainda conseguiu produzir um humor inteligente e sagaz como poucas vezes foi visto na história do show business americano.
Lenny (Idem, Estados Unidos, 1974) Direção: Bob Fosse / Roteiro: Julian Barry, baseado em sua própria peça teatral / Elenco: Dustin Hoffman, Valerie Perrine, Jan Miner / Sinopse: O filme narra a conturbada história de Lenny Bruce, famoso comediante americano que tinha muitos problemas pessoais em sua vida.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
O Enigma da Pirâmide
Em 1985 no auge de sua criatividade e em um momento particularmente inspirado na produção de vários filmes Steven Spielberg produziu esse muito simpático e bem bolado "O Enigma da Pirâmide". O título original em inglês "Young Sherlock Holmes" já é auto explicativo pois em nossa língua significa literalmente "O Jovem Sherlock Holmes". A trama mostra Sherlock em sua juventude, inclusive seu primeiro encontro com Watson, seu fiel escudeiro e parceiro de tantas aventuras. Juntos eles terão que descobrir um misterioso grupo pagão que realiza sacrifícios humanos em honra a várias divindades do antigo Egito. A estória não é original da pena de Sir Arthur Conan Doyle mas a modernização do personagem é excelente, muito melhor inclusive do que esses fracos filmes que estão sendo feitos na franquia estrelada por Robert Downey Jr. Tudo realizado com muito charme, excelente reconstituição histórica e atores carismáticos. Aliás o filme lembra bastante o universo de Harry Potter pois os personagens são jovens, estudam em uma escola tradicional e se envolvem em grandes aventuras.
Na questão puramente técnica "O Enigma da Pirâmide" também trouxe inovações tecnológicas extremamente relevantes. O filme foi o primeiro da história do cinema americano a trazer efeitos 100 % digitais. Eles podem ser vistos na cena em que um cavaleiro medieval de um vitral antigo pula para lutar contra seu inimigo. O excelente nível dos efeitos inclusive lhe valeu a indicação ao Oscar do ano, perdendo injustamente a estatueta. Por trás da realização de "Young Sherlock Holmes" se destacava além de Spielberg como produtor a presença de Chris Columbus no roteiro e Barry Levinson na direção. Columbus iria dirigir anos depois o primeiro filme de Harry Potter levando muito desse filme sobre Sherlock para a nova franquia que nascia. Já Levinson surpreende em um gênero que não lhe era muito familiar. Cineasta de dramas mais profundos ele aqui conseguiu realizar um filme leve, divertido e muito eficiente. Uma das melhores produções assinadas por Steven Spielberg na década de 80, "O Enigma da Pirâmide" é indicado não apenas para os fãs do famoso detetive mas também aos que gostam de aventuras juvenis realizadas com muito bom gosto e charme.
O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes, Estados Unidos, 1985) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Chris Columbus baseado nos personagens criados por Sir Arthur Conan Doyle / Elenco: Nicholas Rowe, Alan Cox, Sophie Ward, Anthony Higgins, Freddie Jones / Sinopse: Sherlock Holmes e John Watson são dois jovens que decidem investigar uma estranha seita que adora antigos deuses do Egito.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 14 de novembro de 2023
Os Goonies
Título Original: The Goonies
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Richard Donner
Roteiro: Steven Spielberg, Chris Columbus
Elenco: Sean Astin, Josh Brolin, Jeff Cohen
Sinopse:
Dois jovens irmãos resolvem procurar um tesouro perdido dos piratas. O lugar onde a fortuna se encontra está em um velho mapa, como era de se esperar. Assim eles se unem aos amigos, a quem chamam de os Goonies, para a maior aventura de suas vidas. No caminho enfrentam perigosos piratas dos sete mares.
Comentários:
É um clássico do cinema juvenil dos anos 80. Confesso que nunca foi dos meus preferidos pois sempre optei por coisas mais sofisticadas, mesmo quando era apenas um garotinho. Assim preferia, por exemplo, "O Enigma da Pirâmide", outra aventura juvenil da mesma época. De qualquer maneira não há como negar que fez a diversão de toda uma geração pois o enredo realmente não tinha limites para a imaginação, colocando um grupo de jovens enfrentando piratas e personagens bem adequados para a idade do público a que o filme é destinado. E como também contou com a maravilhosa produção e roteiro de Steven Spielberg (naquele momento considerado o verdadeiro "Rei Midas" de Hollywood, em seu auge de popularidade), não há mesmo como negar a importância do filme como um todo. Ah, e como esquecer a trilha sonora? Impossível ouvir e não pintar uma dose de grande nostalgia daqueles anos em que éramos felizes e não sabíamos.
Pablo Aluísio.
domingo, 12 de novembro de 2023
A Última Missão
Título Original: The Last Detail
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Hal Ashby
Roteiro: Robert Towne, Darryl Ponicsan
Elenco: Jack Nicholson, Randy Quaid, Otis Young, Clifton James, Carol Kane, Michael Moriarty
Sinopse:
Dois marujos da Marinha são obrigados a trazer um jovem infrator para a prisão, mas decidem mostrar-lhe uma última boa oportunidade ao longo do caminho. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Jack Nicholson), melhor ator coadjuvante (Randy Quaid) e melhor roteiro adaptado (Robert Towne).
Comentários:
Apesar de ter sido indicado em três categorias ao Oscar, esse filme segue sendo pouco conhecido, até mesmo pelos fãs do trabalho de Jack Nicholson. Foi um de seus primeiros sucessos na carreira, em um ponto de sua vida que ele ainda não era um dos grandes nomes de Hollywood. O filme tem uma linha de bom humor, mas não pode ser considerado uma comédia. Essa premissa de jovens marujos e irresponsáveis desfrutando de uma Nova Iorque deslumbrante já havia sido usada pelo cinema antes. A maior referência vem de um velho filme com Frank Sinatra e Gene Kelly chamado "Um Dia em Nova Iorque". Só que esse clássico era um musical, cheio de canções e danças e esse filme dos anos 70 com Jack Nicholson era puro deboche e cinismo. Tempos diferentes, épocas diversas, exigindo mesmo novas abordagens. De qualquer maneira esse "A Última Missão" não deixa de ser mais uma amostra do grande talento do bom e velho Jack Nicholson.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 9 de novembro de 2023
Um Dia de Cão
Título Original: Dog Day Afternoon
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Frank Pierson, P.F. Kluge
Elenco: Al Pacino, John Cazale, Penelope Allen, Charles Durning, Chris Sarandon
Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme mostra um momento decisivo na vida do criminoso Sonny (Al Pacino). Desesperado em arranjar dinheiro para que seu amante seja submetido a uma cara operação de mudança de sexo, ele resolve entrar em um banco no Brooklyn para um assalto. Para seu completo azar ele descobre duas coisas estarrecedoras: primeiro que a agência não tem mais todo o dinheiro que ele pensava, pois grande parte dos valores havia sido transportado momentos antes dele entrar no banco e segundo, que o prédio está completamente cercado pela polícia de Manhattan. Sem alternativas ele decide fazer parte dos funcionários e clientes do banco de reféns, criando uma situação de extrema tensão no local. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Al Pacino), Melhor Ator Coadjuvante (Chris Sarandon), Melhor Edição e Melhor Direção. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Al Pacino).
Comentários:
Esse é um dos filmes mais representativos do realismo que imperou no cinema americano durante a década de 1970. As produções não se contentavam mais apenas em contar uma história divertida e sem maiores preocupações com a realidade em que todos viviam. Pelo contrário, naqueles anos tivemos uma verdadeira explosão de talento e novas propostas encabeçadas por um grupo maravilhoso de cineastas que tinham dois objetivos principais a alcançar com suas obras: mostrar a realidade nua e crua das ruas e com isso provar teses sociais que mostravam que muitas vezes o homem era fruto do meio em que vivia. Sidney Lumet aqui realizou o filme que se encaixa perfeitamente nessas características. Para muitos "Dog Day Afternoon" foi sua mais completa obra prima. O diretor teve a sorte não apenas de contar com um grande roteiro, mas também com um excelente ator, em pleno auge criativo, dando vazão a todo o seu talento, o inigualável Al Pacino. Todos sabem que Pacino sempre foi um profissional que se entregou de corpo e alma aos seus personagens, porém em poucos momentos de sua carreira vimos ele mergulhar tão visceralmente em um pepel como aqui. Como o roteiro é repleto de tensão e suspense, mostrou-se um veículo perfeito para que Pacino desfilasse na tela toda a complexidade de seu trabalho, explorando um vasto leque de emoções à flor da pele. Sua atuação marcou tanto que inclusive recentemente Pacino lembrou dessa produção ao enumerar aquelas atuações que ele considerava suas verdadeiras obras primas no cinema. Realmente um momento para se rever sempre que possível. "Um Dia de Cão" é visceral, realista e perturbador. Uma aula de sétima arte que não se vê mais hoje em dia.
Pablo Aluísio.
domingo, 5 de novembro de 2023
Taxi Driver
Esse filme que mudou para sempre a carreira do ator Robert De Niro. Filho de um pintor do Greenwich Village em New York, o jovem De Niro só esperava por um grande papel para se destacar definitivamente no cinema. Formado no Actors Studio, a mesma escola de arte dramática onde estudaram Marlon Brando e James Dean, ele foi o grande representante da última e fenomenal geração de atores de Nova Iorque proveniente daquela instituição de ensino. Aqui um ainda jovem De Niro conseguiu desenvolver finalmente todo o seu talento nessa obra prima psicológica e insana do diretor Martin Scorsese, com quem ele faria uma longa e bem produtiva parceria nas telas de cinema. O interessante é que tanto Scorsese como De Niro sempre afirmaram amar a cidade de Nova Iorque, porém fizeram a ela uma estranha "homenagem". Um dos símbolos de NYC, os seus táxis amarelos, se tornam o cenário e o palco para um estranho personagem, o motorista vivido por De Niro. Um sujeito que foi a Vietnã e voltou de lá com sérios problemas psicológicos e traumas que aos poucos vão dominando sua mente, culminando para um clímax insano, violento e explosivo.
O "gatilho" para seu enlouquecimento acaba sendo uma estranha relação que desenvolve com uma adolescente prostituta, interpretada com brilhantismo por Jodie Foster (que consegue inclusive ofuscar em determinados momentos o próprio De Niro, algo impensável). Em determinado momento do filme ela o provoca dizendo que ele deveria provar seu amor matando o presidente dos Estados Unidos. Um louco da vida real acabou levando muito à sério o diálogo e realmente fez um atentado ao presidente Ronald Reagan, um fato amplamente explorado pela imprensa na época e que acabou marcando de forma definitiva o filme "Taxi Driver". Esse aspecto macabro e bizarro da história porém deve ser descartado, pois é um fato externo à obra de Scorsese. O que se deve mesmo levar em conta é que essa é uma verdadeira obra prima da sétima arte, um dos melhores filmes da década de 1970 e um marco do estilo realista que estava predominando naqueles agitados e produtivos anos para a indústria de cinema americana. Imperdível para todo cinéfilo que se preze. Merecia inclusive ter vencido em todas as categorias importantes do Oscar naquele ano. Só que a Academia, como sempre, estava mais disposta a fazer mais uma de suas injustiças históricas. Melhor assim, "Taxi Driver" realmente nunca foi um filme convencional, aliás sua estética era direcionada para o extremo oposto disso. Assim acabou sendo coerente em tudo, até no Oscar.
Taxi Driver (Estados Unidos, 1976) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Paul Schrader / Elenco: Robert De Niro, Jodie Foster, Cybill Shepherd, Albert Brooks / Sinopse: Motorista de táxi de Nova Iorque, um veterano da guerra do Vietnã, começa a trilhar o caminho da loucura insana e violenta, após se relacionar com uma jovem garota, menor de idade, que trabalha como prostituta nas ruas escuras da cidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Robert De Niro), Melhor Atriz coadjuvante (Jodie Foster) e Melhor Música Original (Bernard Herrmann). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Robert De Niro) e Melhor Roteiro Original (Paul Schrader). Vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Atriz (Jodie Foster) e Melhor Música (Bernard Herrmann).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 31 de outubro de 2023
Greystoke - A Lenda de Tarzan
Garoto sobrevive a um terrível acidente na selva africana. Retirado dos escombros por macacos ele acaba sendo criado por seus pais adotivos primatas. Anos depois é encontrado por pesquisadores ingleses que fascinados por sua história descobrem que ele é o único sobrevivente da linhagem da importante família aristocrata Greystoke. Tarzan foi criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs em 1918 e desde então sua simbiose com o mundo do cinema tem sido plena. Segundo estimativas já foram feitos mais de 100 filmes com o personagem o que não deixa de ser bem curioso uma vez que Tarzan surgiu na literatura na mesma época em que o próprio cinema se tornava muito popular como diversão preferida das massas. Unindo aventura, paisagens exóticas e heroísmo não é de se admirar que Tarzan tenha sido adotado tão rapidamente pela sétima arte. Suas estórias caíram como uma luva no gosto das platéias. Seu reinado inclusive não parece ter fim pois já está em produção um novo filme com o Rei das Selvas que será lançado no ano que vem.
No meio de tantas produções é complicado escolher o melhor filme já feito sobre o Homem Macaco mas de uma coisa tenho certeza: esse é certamente um dos melhores. Gostei muito do argumento procurando ser o mais realista possível. O cuidado na recriação do contexto histórico em que Tarzan surge (bem no meio da época Vitoriana) também é um dos pontos altos da produção. Até o excelente resultado dos atores na pele de animais chama a atenção mesmo nos dias atuais. A caracterização da família primata de Tarzan, por exemplo, é tecnicamente perfeita. A direção ficou a cargo do sensível cineasta britânico Hugh Hudson. Após se consagrar com "Carruagens de Fogo" e esse "Greystoke" ele cometeu o erro de aceitar a direção de uma superprodução chamada "Revolução". Apesar de contar com a presença sempre marcante de Al Pacino no elenco o roteiro era confuso, sem foco e disperso. Para piorar Hugh resolveu filmar várias cenas com a câmera na mão o que acabou deixando parte do público literalmente tonto. A crítica não perdoou e o filme foi bombardeado se tornando um dos maiores fracassos comerciais da história do cinema americano. O desastre praticamente acabou com sua carreira o que é uma pena pois ele demonstrou tanto aqui como em "Carruagens de Fogo" que sabia muito bem dirigir filmes de época. Infelizmente em Hollywood o sucesso comercial ou não de um filme acaba determinando o destino das carreiras dos cineastas e Hudson ficou marcado para sempre com esse fracasso, não conseguindo mais voltar para os holofotes. De qualquer maneira fica a dica, Greystoke, um marco na longa trajetória de Tarzan no cinema.
Greystoke, A Lenda de Tarzan (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, Estados Unidos, Inglaterra, 1984) Direção: Hugh Hudson / Roteiro: Robert Towne baseado na obra de Edgar Rice Burroughs / Elenco: Christopher Lambert, Andie MacDowell, Ian Holm, Ralph Richardson, James Fox / Sinopse: O filme narra a origem do famoso personagem Tarzan. Filho de uma família aristocrata britânica sofre um acidente e é criado por macacos nas florestas da África.
Pablo Aluísio.
domingo, 29 de outubro de 2023
O Último Imperador
Deixando essa nuance mais filosófica de lado é importante chamar a atenção do espectador para a luxuosa produção de “O Último Imperador”. O filme foi o primeiro a ter autorização de realizar filmagens na chamada cidade proibida. Essa era uma enorme área no centro da capital chinesa ao qual era permanentemente proibida a entrada do povo chinês. Vivendo lá dentro com todo o luxo e riqueza que se podia imaginar, ficavam os nobres do país, completamente isolados da plebe. O local, hoje tornado atração turística, realmente dá uma dimensão da pompa e riqueza sem fim da dinastia chinesa. Tudo é ricamente trabalhado, detalhado, com uma arquitetura maravilhosa que chama muito a atenção por sua beleza e harmonia. Não é à toa que o filme tenha vencido tantos Oscars. Realmente é uma produção classe A, com o melhor que pode ter em termos de cinema espetáculo. O elenco de apoio também é excepcional, com destaque para o veterano Peter O´Toole, que a despeito dos anos ainda mantém todo seu talento intacto. O filme venceu todos os prêmios importantes em seu ano de lançamento, Globo de Ouro, Bafta, César e levou para o estúdio os Oscars de melhor filme, diretor (para o mestre Bertolucci), fotografia (Vittorio Storaro), direção de arte, figurino, edição, trilha sonora (que também levou o Grammy), melhor som e roteiro adaptado. Em suma, não deixa de conhecer esse maravilhoso momento do cinema da década de 80. Um filme com ares dos grandes épicos do passado.
O Último Imperador (The Last Emperor, Reino Unido, França, China, Estados Unidos, Itália, 1987) Direção: Bernardo Bertolucci / Roteiro: Mark Peploe, Bernardo Bertolucci / Elenco: John Lone, Joan Chen, Peter O'Toole, Ryuichi Sakamoto / Sinopse: Cinebiografia do último imperador da China, Aisin-Gioro Puyi (John Lone). Deposto por um novo regime ele passa seus últimos dias como um humilde trabalhador braçal em seu antigo império sob ruínas.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 26 de outubro de 2023
Grease - Nos Tempos da Brilhantina
O enredo do filme tenta reproduzir os antigos filmes de verão dos anos 50. Geralmente neles acompanhamos o relacionamento de dois jovens que na flor da idade se entregam ao amor adolescente em algum lugar tipicamente de férias. Grease não é nada muito diferente disso. O grande diferencial realmente vem nas canções e nas coreografias, todas muito bem realizadas por todo o elenco. Travolta, jovem e no auge de seu rebolado, imprime nuances de seu trabalho anterior, o grande sucesso "Os Embalos de Sábado à Noite". Pra falar a verdade ele apenas levou seu Tony Manero para a década de 50. Já a cantora e atriz Olivia Newton-John inauguraria com Grease a melhor fase de toda sua carreira. Depois do sucesso desse filme ela emplacou outras produções musicais nos cinemas como o sempre lembrado Xanadu. Se você gosta de filmes musicais alto astral, com muita dança e ótimas canções então Grease é mais do que recomendado. Um filme que parece não envelhecer nunca, ainda mantendo o mesmo charme e o carisma de quando foi lançado. Não deixe de assistir e se divirta!
Grease - Nos Tempos da Brilhantina (Grease, Estados Unidos, 1978) Direção: Randal Kleiser / Roteiro: Bronte Woodard, Allan Carr baseados no musical "Grease" de Jim Jacobs e Warren Casey / Elenco: John Travolta, Olivia Newton-John, Stockard Channing, Jeff Conaway / Sinopse: Danny Zuko (John Travolta) conhece Sandy Olsen (Olivia Newton-John) durante as férias de verão. De volta às aulas descobre que ela é a nova garota caloura na escola onde estuda. O problema é que Zuko tem que manter sua fama de mau com seus amigos de turma e para isso terá que esnobar e fazer pouco caso de Sandy, embora por dentro ainda esteja completamente apaixonado por ela. Baseado no famoso musical da Broadway, Grease.
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de outubro de 2023
A Força do Amor
Título Original: Breathless
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures, Columbia Pictures
Direção: Jim McBride
Roteiro: François Truffaut, Jean-Luc Godard
Elenco: Richard Gere, Valérie Kaprisky, Art Metrano
Sinopse:
Jesse Lujack (Richard Gere) não cabe em si mesmo de tanta vontade de viver intensamente cada minuto de sua vida. Para isso ele toma atitudes fora do comum, causando perplexidade em todos ao seu redor. Ao lado de Monica Poiccard (Valérie Kaprisky) ele quer viajar e ganhar o mundo, sempre com o rádio de seu carro sintonizado no último volume em seu grande ídolo, o roqueiro dos anos 50 Jerry Lee Lewis.
Comentários:
Esse filme foi um tremendo fracasso de público e crítica em seu lançamento. Na época em que foi lançado a película recebeu adjetivos do tipo "imbecil", "estúpido" e outros "elogios". Sempre achei muito exageradas as reações, inclusive me surpreendi bastante com isso já que o roteiro foi escrito e criado pelo prestigiado François Truffaut. Mudou sua capacidade de escrever bons textos ou mudaram as boas intenções de quem sempre o elogiou no passado? Enfim, são mistérios da crítica mundial. De uma forma ou outra quero chamar a atenção para a vivacidade da interpretação de Richard Gere. Esse é um personagem bem diferenciado de sua carreira, um sujeito que parece viver a mil, beirando inclusive a doença mental (não entregarei as surpresas do roteiro, mas saibam que dei uma dica importante por aqui). Curiosamente seu personagem também tem uma obsessão louca pelo roqueiro pioneiro Jerry Lee Lewis, procurando imitar sua personalidade radiante e fora dos padrões. O próprio título original "Breathless" é o nome de um famoso sucesso do assim conhecido "The Killer". No geral o que sobra de toda essa salada com coca-cola é um filme que sempre considerei muito divertido, com altos e baixos sim, mas longe do rótulo de "porcaria" que lhe foi imposto injustamente na época em que chegou aos cinemas pela primeira vez.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 19 de outubro de 2023
Edward Mãos de Tesoura
Depois do sucesso de público e crítica de “Edward Mãos de Tesoura” a dupla formada por Depp e Burton não mais se largou – e segue junta até os dias atuais. Com altos e baixos formaram uma extensa filmografia que ia tanto para o lado mais cômico como para o lado mais assustador, passando até mesmo por musicais. Como bem esclareceu recentemente o ator eles desenvolveram uma parceria tão bem sucedida que hoje em dia nem mais precisam da palavra para se comunicarem no set de filmagem. Basta um olhar, um gesto, que Depp imediatamente entende o que Burton deseja em cada cena. Outro fato marcante digno de nota sobre esse filme foi o famoso namoro que Johnny Depp teve com sua parceira de trabalho, a atriz Winona Ryder. Muitos anos antes de Brad Pitt e Angelina Jolie ou Tom Cruise e Nicole Kidman, o casal do momento em Hollywood era Depp e Winona. Ele inclusive, em um ato impensado, mandou tatuar em seu braço a expressão “Winona Forever”, algo que iria se arrepender depois quando o romance finalmente chegou ao fim. Enfim, fica a dica desse “Edward Mãos de Tesoura”, um filme diferente que marcou época e ainda hoje segue sendo bem interessante.
Edward Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands, Estados Unidos, 1990) Direção: Tim Burton / Roteiro: Tim Burton, Caroline Thompson / Elenco: Johnny Depp, Winona Ryder, Dianne Wiest / Sinopse: Edward é um jovem que tem no lugar das mãos, tesouras, que ele usa para aparar os gramados ou cortar os cabelos das madames de sua cidade. Tudo começa a mudar em sua bucólica existência quando se apaixona por uma linda jovem.
Pablo Aluísio.
domingo, 15 de outubro de 2023
Laranja Mecânica
E essa acabou sendo a marca principal dessa controvertida obra de Kubrick. Mesmo após tantos anos de seu lançamento o impacto ainda continua, pois "Laranja Mecânica" continua despertando ódios e paixões na mesma intensidade. Para muitos especialistas na filmografia do diretor a película não é a obra prima definitiva do cineasta, mas certamente é um de seus filmes mais intrigantes e complexos. A trama pode até soar absurda, vulgar e ofensiva para muitos, porém esse é o tipo de filme em que sua verdadeira riqueza não está na superfície do que se vê nas telas, mas sim em seu subtexto, naquilo que o diretor quis passar para o público.
A trama começa mostrando um grupo de jovens rebeldes cujos interesses podem ser resumidos em ultra violência, sexo e música clássica, não necessariamente nessa ordem. Os jovens não possuem qualquer perspectiva de futuro e por isso passam todo o seu tempo barbarizando a civilização, tal como imposta por um Estado opressor. Assim invadem uma casa, estupram uma mulher na frente de seu marido, espancam, humilham e colocam para fora todos os seus instintos mais viscerais, selvagens e obtusos. Kubrick capta tudo, como se estivesse até mesmo tendo prazer em mostrar aquilo. Ele transforma os atos irracionais de seus personagens em uma opereta insana.
A violência extrema de “Laranja Mecânica” chocou o público em seu lançamento (aliás choca até hoje). O diretor teve que lidar com uma saraivada de críticas e ofensas e muitas pessoas abandonaram a sala com menos de 20 minutos de exibição. De fato não há como negar que é um filme extremo, que mexe com os instintos mais básicos do público. Muitos se sentiram ofendidos e o filme enfrentou problemas em alguns países. Aqui no Brasil ele foi censurado por anos. Em plena ditadura militar a obra foi considerada grotesca e até pornográfica. Nas cenas de nudez a censura mandou colocar "bolinhas saltitantes" em cima das genitálias femininas das personagens, mesmo sendo o filme proibido para menores de 18 anos. E isso após muito esforço para lançar o filme em nossos cinemas. Até mesmo porque sua mensagem contra regimes autoritários ia contra tudo o que a ditadura militar no Brasil representava.
Na verdade “Laranja Mecânica” é um manifesto contra a opressão, o autoritarismo e a invasão das liberdades individuais por um Estado de exceção. Kubrick faz uma dura crítica aos meios repressivos mais incisivos. Isso é bem demonstrado quando os delinquentes do filme são capturados e começam a passar por uma verdadeira lavagem cerebral onde seus valores são todos trocados pelos valores que o Estado entende ser os adequados. O indivíduo é apagado, virando um reflexo amorfo da coletividade estatal, forte, onipresente, incontrastável. É realmente uma pena que poucas pessoas tenham entendido essa mensagem na época (e muitas não entenderam até hoje). No meio de tudo fica apenas o registro da genialidade do excêntrico Kubrick, que não estava preocupado em agradar a ninguém a não ser ele mesmo e sua arte.
Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, Estados Unidos, Inglaterra, 1971) Direção: Stanely Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, baseado no livro de Anthony Burgess / Elenco: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates / Sinopse: Em um futuro indeterminado um grupo de jovens delinquentes caem nas garras de um Estado opressor que começa um sistema de lavagem cerebral para mudar sua forma de pensar e se comportar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Roteiro, Direção e Edição. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Direção e Melhor Ator (Malcolm McDowell).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
O Selvagem da Motocicleta
Interpretando um personagem chamado apenas de "Motorcycle Boy", Rourke desfila todo seu talento, mostrando um jovem sem perspectivas, melancólico, introspectivo e completamente cool. Na época de lançamento do filme foi comparado também a outros grandes ídolos do passado como James Dean. Outro destaque fica com Dennis Hooper, fazendo um pai ausente, com problemas de alcoolismo e totalmente fracassado. Diane Lane, muito jovem e linda, e Nicolas Cage (com vasta cabeleira) completam o talentoso grupo de atores e de quebra demonstram como o tempo muda as pessoas. A trilha sonora é de Stewart Copeland, do The Police, o que traz uma ótima atmosfera própria para o filme.
O Selvagem da Motocicleta (Rumble Fish, Estados Unidos, 1983) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Coppola, S. E. Hinton / Trilha Sonora: Stewart Copeland / Elenco: Matt Dillon, Mickey Rourke, Diane Lane, Dennis Hopper, Diana Scarwid, Vincent Spano, William Smith, S. E. Hinton, Sofia Coppola, Chris Penn, Michael Higgins, Nicolas Cage, Tom Waits, Laurence Fishburne / Sinopse: Jovem motoqueiro desiludido (Mickey Rourke) tenta ajudar seu irmão e seu pai após se tornar um ícone dos jovens moradores do local.
Pablo Aluísio.
domingo, 8 de outubro de 2023
O Nome da Rosa
“O Nome da Rosa” se destaca por apresentar uma trama extremamente bem escrita e uma solução final ao mesmo tempo simples e brilhante. Nisso se assemelha novamente aos textos do famoso detetive que lhe serviu de inspiração. A direção de arte do filme é um primor, recriando com extrema fidelidade os ambientes das centenárias abadias medievais, com sua rotina de trabalho austera e disciplinada. Curiosamente o filme não fez sucesso nos Estados Unidos em seu lançamento, sendo praticamente ignorado pelo público americano. No resto do mundo porém se tornou um verdadeiro sucesso entrando rapidamente na categoria de cult movie. Não é para menos, o filme alia um roteiro extremamente bem escrito com um elenco em fase inspirada. Sean Connery na época ainda tentava provar que era um bom ator e que não precisava mais viver á sombra de James Bond. Sua busca por uma identidade própria o levou a estrelar uma sucessão de excelentes filmes como “Os Intocáveis”, “Caçada ao Outubro Vermelho” e “Indiana Jones e a Última Cruzada” (considerado até hoje um dos melhores filmes da franquia). Connery obviamente ficou chateado com a fria recepção que o filme recebeu nos EUA mas anos depois atribuiu isso ao estilo do próprio público americano que vai aos cinemas. Para Sean filmes com tramas complexas como a de “O Nome da Rosa” fazem o espectador pensar para tentar decifrar o mistério envolvido, algo que os americanos não estariam dispostos a fazer por pura preguiça mental. De qualquer modo o resto do mundo reconheceu os méritos do filme, merecidamente aliás. Assim “O Nome da Rosa” se torna item obrigatório para os amantes dos filmes de mistério. A trama inteligente e bem conduzida transformou a produção em um clássico moderno, sem a menor sombra de dúvidas.
O Nome da Rosa (The Name of the Rose, Alemanha, Itália, França, 1986) Direção: Jean-Jacques Annaud / Roteiro: Andrew Birkin baseado no livro "O Nome da Rosa" de Umberto Eco / Elenco: Sean Connery, Christian Slater, F. Murray Abraham, Helmut Qualtinger, Elya Baskin, Feodor Chaliapin, William Hickey, Michel Lonsdale, Ron Perlman / Sinopse: William de Baskerville (Sean Connery) vai até uma abadia distante e sombria para investigar uma série de crimes no local. Ao lado de seu assistente, o noviço Adso (Christian Slater) ele tentará chegar na solução do mistério da morte dos membros do clero.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 5 de outubro de 2023
A Cor do Dinheiro
Título Original: The Color of Money
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Walter Tevis, Richard Price
Elenco: Paul Newman, Tom Cruise, Mary Elizabeth Mastrantonio, Helen Shaver, John Turturro, Bill Cobbs
Sinopse:
Vincent Lauria (Tom Cruise) é o jovem jogador de sinuca que quer vencer na vida, aprender todos os segredos e manhas do esporte. Eddie Felson (Paul Newman) é o veterano que vê naquele rapaz impiedoso uma cópia dele mesmo em seu passado. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Ator (Paul Newman).
Comentários:
Martin Scorsese sempre adorou o clássico "Desafio à Corrupção" de 1961. Em meados dos anos 80 ele decidiu que iria filmar uma sequência tardia dessa obra prima. Paul Newman que havia interpretado o personagem "Fast" Eddie Felson topou o convite de trazer o jogador de bilhar de volta às telas. Agora ele iria contracenar com o astro Tom Cruise, naquele momento no auge do sucesso, colhendo os frutos do blockbuster "Top Gun - Ases Indomáveis". O resultado dessa união não poderia ser melhor. O filme foi elogiado por público e crítica e de quebra deu finalmente o Oscar para Paul Newman, um mito da história do cinema que deveria ter sido premiado décadas antes. Corrigindo uma velha injustiça o filme acabou sendo sua redenção pessoal e profissional dentro da Academia. Anos depois, após a morte de Paul Newman, o diretor Martin Scorsese diria em uma entrevista que tinha muito orgulho desse filme, justamente pelo Oscar vencido por Paul Newman. E por falar nele, não há como comparar seu maravilhoso trabalho com o de Tom Cruise. Embora o jovem astro tenha se saído bem, não havia mesmo comparação. No caso a arte imitou a vida, já que assim como seus personagens, na vida real Tom Cruise não passava mesmo de um aluno diante de seu mestre. Foi um momento marcante na carreira de todos os envolvidos. Clássico moderno dos anos 80 que não pode passar em branco na coleção de nenhum cinéfilo que se preze.
Pablo Aluísio.
domingo, 1 de outubro de 2023
Os Intocáveis
No filme acompanhamos a formação de um grupo de policiais de alto nível cuja principal função é combater o contrabando e a comercialização de bebidas. O contexto histórico se passa na época da chamada Lei Seca, quando o consumo de álcool foi proibido dentro das fronteiras americanas. Foi justamente aí que Capone criou seu império criminoso. O contrabando de bebidas e sua venda geraram uma verdadeira fortuna para o gangster. Não tardou para que Ness e Capone batessem de frente nessa guerra. Um dos grandes méritos de “Os Intocáveis” é seu elenco maravilhoso. Robert De Niro entrega uma de suas mais brilhantes interpretações como Al Capone. Cheio de maneirismos o ator literalmente incorpora o siciliano com maestria. Impossível esquecer, por exemplo, a famosa “cena do taco de beisebol”. Vivendo em luxo e riqueza ele esbanja aquele ar de quem está acima da lei. Com brilhante direção de arte e reconstituição histórica o filme marca pelo bom gosto e pela estética brilhante.
Os Intocáveis (The Untouchables, Estados Unidos, 1987) Direção: Brian de Palma / Roteiro: Oscar Fraley, David Mamet baseado no livro de Eliot Ness / Elenco: Kevin Costner, Sean Connery, Charles Martin Smith, Andy Garcia, Robert De Niro, Richard Bradford, Jack Kehoe / Sinopse: Al Capone (Robert De Niro) é o mais famoso criminoso de Chicago. Controlando um império de jogos, bebidas e prostituição ele domina todos os setores da cidade. Para combater sua rede criminosa o policial Eliot Ness (Kevin Costner) resolve formar um grupo de policiais de elite chamado "Os Intocáveis". Sua função é combater o contrabando de bebidas e colocar Capone atrás das grades. Vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Sean Connery) e indicado para as categorias de Melhor Direção de Arte, Figurino e Trilha Sonora.
Pablo Aluísio.