domingo, 31 de março de 2024

O Hobbit

Com o sucesso espetacular da trilogia “O Senhor dos Anéis” era de se esperar que mais cedo ou mais tarde Hollywood fosse em busca de material dentro dos escritos deixados pelo autor J.R.R. Tolkien para produzir novos filmes baseados em seus livros. A solução encontrada foi adaptar, em uma nova trilogia, o romance “O Hobbit”. Adaptado pela primeira vez em 1977 para um telefilme inglês, “O Hobbit” trazia os acontecimentos que antecediam em muitos anos as aventuras que acompanhamos em “O Senhor dos Anéis”, a obra prima definitiva do escritor. A trama de “O Hobbit” é mais singela e menos pretensiosa do que a de outros textos de Tolkien. De certa forma é até um ensaio da grande obra que marcaria para sempre sua bibliografia. Todos os elementos que fizeram de “O Senhor dos Anéis” tão marcante já podem ser encontrados nesse texto, embora em menor escala. Aqui acompanhamos a rotina de Bilbo (Martin Freeman), um hobbit que leva uma vida mansa e pacifica em seu condado. Sua existência bucólica porem sofre uma completa reviravolta quando o mago Gandalf (Ian McKellen) chega em seu jardim para lhe perguntar se ele estaria interessado em viver uma grande aventura. Mesmo não mostrando nenhum entusiasmo na idéia, pelo contrário, a rejeitando completamente, Gandalf não desiste e em pouco tempo começam a chegar vários anões em sua pequenina casa! Todos fazem parte de uma pretensa companhia ou irmandade que tem como objetivo adentrar o antigo reino dos anões, Erebor, que agora se encontra dominado por um dragão feroz e milenar. Em jogo há inúmeras riquezas e a oportunidade de trazer de volta o antigo lar dos anões.

Muito se falou sobre “ O Hobbit” desde que o projeto foi anunciado. A internet ferveu com especulações e ataques de ansiedade, o que deve ter deixado o diretor Peter Jackson duplamente atarefado (realizando o filme e desmentindo muitos dos boatos sem fundamento que surgiam a cada semana). Todos queriam reencontrar nas telas os seus personagens preferidos. A conclusão pura e simples que chegamos após assistir a esse “O Hobbit” é que se trata realmente de mais um belo exemplar do talento de Jackson atrás das câmeras. Embora o livro original em que se baseia seja bem mais simples do que “O Senhor dos Anéis” Peter Jackson conseguiu novamente realizar um trabalho bonito de se ver, tecnicamente perfeito, onde tudo se encaixa maravilhosamente bem. “O Hobbit” tem excelentes seqüências e um roteiro redondinho que não cansa o espectador apesar de suas quase três horas de duração. Além disso marca a volta aos cinemas de personagens queridos dos fãs como o Mago Gandalf, Gollum (em ótima seqüência ao lado de Bilbo nas profundezas escuras de uma montanha) e claro todo o restante do universo muito rico e carismático da Terra Média com seus elfos, hobbits, anões e orcs! Claro que não se pode comparar ao impacto da trilogia original pois naqueles primeiros filmes tudo soava como novidade mas é inegável que Jackson conseguiu novamente entregar um filme muito bom, que não passa uma sensação de desgaste ou esgotamento sobre todo esse material. Dito isso não teria muito o que criticar aqui – achei o resultado acima das expectativas para falar a verdade. Embora não seja especialista nessa mitologia sempre gostei bastante desses filmes. Penso que Peter Jackson é um cineasta honesto que está trabalhando com algo que realmente gosta, e isso faz toda a diferença do mundo. Que venham os novos filmes dessa nova trilogia. Os fãs da Terra Média certamente agradecem.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, Estados Unidos, 2012) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro, baseados no livro “O Hobbit” escrito por J.R.R. Tolkien / Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Christopher Lee,  Ken Stott / Sinopse: Um grupo formado por anões, um mago e um hobbit tentará adentrar uma montanha isolada onde em um passado glorioso os anões construíram seu último grande reino na Terra Média. Agora dominado por um feroz dragão o lugar guarda muitos perigos e aventuras para todos aqueles que se atrevem a entrar em seus domínios.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Cabaret

Título no Brasil: Cabaret
Título Original: Cabaret
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Bob Fosse
Roteiro: Joe Masteroff
Elenco: Liza Minnelli, Michael York, Helmut Griem, Joel Grey, Fritz Wepper, Marisa Berenson

Sinopse:
Década de 1930. Berlim. A dançarina americana Sally Bowles (Liza Minnelli) começa a fazer muito sucesso nos clubes noturnos da cidade alemã. Ela se apaixona por dois homens, mas as coisas complicam quando o nazismo chega ao poder na Alemanha.

Comentários:
Esse filme é um marco na história de Hollywood. Em uma época em que o musical já tinha deixado seus dias de glória no passado, o filme se consagrava na noite do Oscar, sendo o grande premiado da noite, sendo vencedor em oito categorias, entre elas melhor atriz, para Liza Minnelli em seu filme definitivo e melhor direção, para o talentoso Bob Fosse. É interessante também notar que o filme chegou aos cinemas americanos em uma época dura, com o pais enfrentando diversos problemas com um governo conservador. Richard Nixon estava no poder, com inúmeras denúncias de corrupção. A analogia entre seu partido e o partido nazista, com perseguição a artistas e poetas, era um tanto quanto óbvia. Entretanto, mesmo com essa leitura política, em minha opinião o grande mérito desse filme é mesmo a música, os números musicais. Nesse aspecto o filme mereceu cada Oscar que recebeu. É uma obra-prima do cinema.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de março de 2024

Kramer Vs Kramer

O grande vencedor do último Oscar da década de 70 mostrava o desmoronamento de um relacionamento, os problemas advindos de um divórcio complicado e sofrido e as tentativas de uma família em tentar juntar os pedaços de tudo ao redor. O título do filme já dá bem uma idéia do que se trata, na verdade o roteiro realista e pé no chão (típico do cinema daquela época) procura enfocar os novos desafios que o núcleo familiar enfrentava naquele momento. No Brasil o filme foi ainda mais marcante porque a Lei do Divórcio entrou em vigor poucos anos antes do filme estrear por aqui e certamente isso fez com que muitos se identificassem com o que se passava na tela. A luta pela guarda dos filhos, as pequenas e grandes desavenças, o sentimento de fracasso e frustração, o arrependimento, a raiva, a ira, tudo foi captado com extremo talento pelo cineasta  Robert Benton que procurou acima de tudo passar para as telas um momento que certamente era vivenciado por centenas de milhares de casais nos EUA e fora dele.

Como não poderia deixar de ser o grande destaque do elenco era realmente o ator Dustin Hoffman. Aqui ele interpreta o marido que não sabe direito como agir diante daquela variedade de sentimentos conflitantes que surgiram da noite para o dia com seu divórcio. Ao mesmo tempo em que tenta lidar com a guarda do pequeno filho não tem certeza absoluta se isso seria mesmo a melhor decisão. Sua mulher simplesmente abandona a casa e deixa tudo em suas mãos. Quando retorna exigindo a guarda do filho encontra a resistência do marido. A briga acaba indo parar nos tribunais, Kramer contra Kramer, como o título sugere. Outro nome que se destaca é Mery Streep, que interpreta a esposa, Joanna. O que falar dessa atriz tão consagrada? Streep tem uma das filmografias mais ricas da história do cinema americano e esse é certamente outro de seus grandes filmes. obrigatório para seus fãs.
 
Kramer Vs Kramer (Idem, Estados Unidos, 1979) Direção: Robert Benton / Roteiro: Robert Benton / Elenco: Dustin Hoffman, Meryl Streep, Justin Henry, June Alexander / Sinopse: Casal em processo de divórcio resolve ir ao tribunal para lutar pela guarda do único filho. Filme vencedor dos Oscars de Melhor Filme, Direção, Ator (Dustin Hoffman), Roteiro e Atriz Coadjuvante (Meryl Streep). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias Melhor Filme – Drama, Direção, Ator (Dustin Hoffman), Atriz Coadjuvante (Meryl Streep) e Roteiro.

Pablo Aluísio. 

domingo, 24 de março de 2024

Golpe de Mestre

Título no Brasil: Golpe de Mestre
Título Original: The Sting
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Roy Hill
Roteiro: David S. Ward
Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Robert Shaw, Charles Durning, Ray Walston, Eileen Brennan

Sinopse:
Henry Gondorff (Paul Newman) e Johnny Hooker (Robert Redford) são dois vigaristas que resolvem unir suas forças e "talentos" para dar um golpe definitivo em um gângster que lhes prejudicou no passado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, direção, roteiro adaptado, direção de arte, figurino, edição e música. Indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Robert Redford),
direção de fotografia (Robert Surtees) e som. 

Comentários:
Dos grandes campeões do Oscar, esse "Golpe de Mestre" sempre foi um dos meus preferidos. Aqui Paul Newman e Robert Redford decidiram fazer mais um filme juntos. Eles tinham obtido grande sucesso de público e crítica com "Butch Cassidy" em 1969 e resolveram que era hora de voltar. Para isso contrataram novamente o mesmo diretor do filme anterior, o talentoso George Roy Hill. O resultado foi melhor do que poderiam imaginar. "Golpe de Mestre" foi o grande vencedor do Oscar de 1973, levando para casa nada mais, nada menos, do que sete estatuetas! Uma consagração completa. E o filme era realmente uma delícia de assistir, com um roteiro extremamente inteligente e bem escrito, mostrando os planos de um grupo de vigaristas - planos esses que não envolviam violência, mas apenas inteligência e sagacidade. Um aspecto interessante dessa história é que ela foi mesmo inspirada em um fato real que aconteceu no século XIX, no interior dos Estados Unidos. Usando de aparências, cenários e muita lábia, esses trambiqueiros conseguiram mesmo enganar muita gente. Outro ponto digno de nota vem da trilha sonora incidental assinada por Marvin Hamlisch. Essas melodias vão grudar em sua mente por anos e anos. Enfim, grande obra-prima da história do cinema. Um dos melhores já feitos com esse temática.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Um Estranho no Ninho

Segue sendo lembrado como um dos melhores filmes da carreira de Jack Nicholson. De certa forma ajudou até mesmo a compor sua mais conhecida persona nas telas – a do sujeito meio maluco, prestes a cruzar a fronteira entre sanidade e insanidade, sempre com um largo sorriso na face. Não é para menos, Jack Nicholson foi criado pensando ser irmão daquela que mais tarde revelou-se ser na verdade sua mãe! E a mulher que ele pensava ser sua mãe era na verdade sua avó! Confuso? Claro que sim mas a vida familiar complicada do ator se refletiria depois em ótimas perfomances como essa, excelentes interpretações que até hoje marcam a história do cinema. Afinal de contas de pessoas disfuncionais o velho Jack sabia tudo! O grande filme da carreira de Jack até aquele momento era “Chinatown”. É certo que “Sem Destino” foi a produção que mudou os rumos de sua carreira mas o filme de Polanski ajudou a sedimentar o caminho para o estrelato de Nicholson. Mesmo com toda sua repercussão apenas “Um Estranho no Ninho” trouxe o reconhecimento pleno da crítica e de seus colegas uma vez que o filme foi louvado pela Academia e pelos demais principais prêmios do cinema americano e internacional. De fato foi uma consagração pessoal de Nicholson mais do que qualquer outra coisa. 

Em “Um Estranho no Ninho” Jack interpreta Randle Patrick McMurphy, um prisioneiro que decide simular sintomas de doença mental para ser transferido da prisão onde cumpre pena para um hospital psiquiátrico pensando encontrar lá um sistema menos rígido e disciplinador do que dentro das grades da penitenciaria. Para sua surpresa porém nada era o que ele esperava encontrar. No hospício encontra um sistema rígido, baseado em um forte controle de cada passo dos pacientes, tudo sob comando da enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher). A partir daí Patrick começa uma série de desentendimentos com a direção do lugar, tudo para conseguir impor um sistema bem mais liberal do que o que está em vigor. Esse é o tipo de papel em que Jack Nicholson se esbalda em cena. Cabelo despenteado, sorriso insano, olhar vidrado, tudo de acordo com o estilo indomado do ator. Sua interpretação de fato é brilhante, alternando momentos de pura malandragem de seu personagem com ataques de insanidade sem controle. Sem Jack o filme certamente não teria o impacto que teve. Por seu trabalho venceu o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio dos críticos de Nova Iorque (NYFCCA). Todos mais do que merecidos. Não se engane, “Um Estranho no Ninho” traz Jack Nicholson em sua mais pura essência. Uma verdadeira obra prima!

Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, Estados Unidos, 1975) Direção: Milos Forman / Roteiro: Lawrence Hauben, Bo Goldman / Elenco: Jack Nicholson, Louise Fletcher, Danny DeVito, William Redfield, Brad Dourif / Sinopse: Preso se faz passar por maluco para ser levado para uma instituição psiquiátrica onde espera encontrar um lugar mais ameno, com mais regalias. Para sua surpresa porém o local é controlado rigidamente por uma enfermeira-chefe linha dura que não admite mudanças em seu cronograma pessoal. Filme vencedor dos Oscars de melhor filme, melhor ator (Jack Nicholson), melhor atriz (Louise Fletcher), melhor direção (Milos Forman) e melhor roteiro adaptado. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias melhor filme / drama, melhor direção, melhor ator / drama (Jack Nicholson), melhor atriz / drama (Louise Fletcher), melhor revelação masculina (Brad Dourif) e melhor roteiro.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de março de 2024

Justiça Para Todos

Advogado criminalista (Al Pacino) acaba tendo que aceitar defender um juiz que odeia e que está sendo acusado de estupro contra uma garota. O cinema americano tem longa tradição em filmes que mostram o meio jurídico. Não é para menos. Quem trabalha na área sabe que esse é repleto de dramas e situações aflitivas que acabam gerando ótimos roteiros e filmes. Um processo judicial não é apenas uma sucessão de atos jurídicos ou procedimentos mas também um capítulo de extrema importância da vida das pessoas que atuam nele. O filme mostra justamente esse aspecto. O ponto alto é novamente a atuação do elenco. Al Pacino está brilhante na minha opinião e nem adianta argumentar dizendo que ele está novamente "over", exagerado ou fora de controle em cena. Nada disso, achei sua atuação muito adequada principalmente pela situação que seu personagem se encontra. Se existe algum exagero em "Justiça Para Todos" talvez seja seu clímax que é realmente um pouco inverossímil. Mesmo assim não macula o resto da produção que é muito relevante, diria até didática, sobre o que acontece debaixo dos olhos vendados do poder judiciário.

Outro destaque de "Justiça Para Todos" é a mensagem subliminar que ele transmite. Em um deles Pacino diz a seu velho avô que está sofrendo os problemas da velhice: "Ser honesto e ao mesmo tempo ser advogado é algo bem complicado". Realmente, poucas profissões do mundo transitam tanto entre a moralidade e a imoralidade, a legalidade e a ilegalidade. O profissional do direito vive realmente em um fio da navalha e o filme toca muito bem nisso ao colocar o sócio de Pacino no filme em crise existencial (ele consegue liberar um cliente da cadeia que acaba matando duas crianças poucos dias depois de solto). Quais são os limites, a linha que separa a ética da necessidade de se defender o cliente? Como se sente um advogado ao defender um criminoso capaz de atos bárbaros contra o próximo? É isso, "Justiça Para Todos" é um filme para se pensar sobre o poder judiciário, seus anacronismos e contradições. Uma lição que não se aprende nas faculdades de direito.

Justiça Para Todos (...And Justive For All, Estados Unidos, 1979) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Valerie Curtin, Barry Levinson / Elenco: Al Pacino, Jack Warden, John Forsythe / Sinopse: Arthur Kirkland (Al Pacino) é um advogado criminalista que tenta transitar entre sua ética pessoal e a necessidade de defender seus clientes, entre eles um juiz corrupto e acusado de estupro contra uma inocente garota.

Pablo Aluísio

sexta-feira, 15 de março de 2024

Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar

Título no Brasil: Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar
Título Original: Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Gene Wilder, John Carradine, Tony Randall, Burt Reynolds, Anthony Quayle

Sinopse:
Woody Allen interpreta diversos personagens (Victor / Fabrizio / The Fool / Sperm) que vão surgindo em várias sequências relativamente independentes e muito divertidas. O fio de ligação entre elas vem de perguntas, dúvidas, que todos têm sobre o sexo! De onde surgem os bebês? O que é masturbação? etc.

Comentários:
Da série "Os maiores títulos de filmes da história", daqueles que eram impossíveis de colocar nas marquises dos cinemas da época. Sim, "Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar" já era divertido no título. "Um absurdo!" - muitos disseram em seu lançamento. Na verdade aqui Woody Allen realizou um de seus filmes mais engraçados. O que serviu de inspiração foi um livro de sexologia que ele comprou em Nova Iorque. Era algo didático, mas o nome do livro era pura apelação. Assim Allen decidiu que iria fazer uma adaptação para o cinema, mas não uma adaptação qualquer e sim uma sátira, um sucessão de gags irônicas sobre as principais dúvidas que as pessoas tinham sobre sexo. Assim cada pergunta abre uma brecha para uma sequência de pura nonsense, puro absurdo do humor mais insano. De certa forma esse filme acabou virando um estigma, um modelo, de filme que prioriza mais o humor puro do que as conversas do tipo "cabeça", que iriam ser comuns nos seus filmes seguintes. Duas sequências se destacam no roteiro. Na primeira, sempre lembrada até hoje, o próprio Woody Allen interpreta um esperma, pronto para nadar e tentar vencer a prova, a corrida para entrar no óvulo. Enquanto ele se prepara aparecem várias inseguranças. Em outra, muito divertida, ele é perseguido por um seio feminino gigante pelas ruas da cidade. Assim cada dúvida é estopim para mais uma sequência, sem seguir uma história narrativa linear. Quem ganha é o espectador. O riso (inteligente) se torna fácil e farto.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2024

New York, New York

Jimmy Doyle (Robert De Niro) é um saxofonista boêmio que volta da II Guerra Mundial e decide se casar com uma talentosa cantora, Francine Evans (Liza Minnelli), que tem o sonho de virar uma grande estrela de Hollywood. “New York, New York” foi uma curiosa tentativa do diretor Martin Scorsese em dirigir um musical ao velho estilo. Apaixonado por filmes antigos ele tentou, nessa rara incursão pela gênero, renovar e revitalizar os antigos musicais inspirados  nas peças da Broadway. Apesar dos grandes talentos envolvidos não há como negar que se trata de um filme bem abaixo das expectativas. Scorsese não mostra muita intimidade com musicais tornando o filme lento, pesado, muito melodramático para algo que deveria ser leve, divertido, simpático. A escolha de Robert De Niro também se mostra um equivoco já que ele definitivamente não leva jeito para a coisa, demonstrando em vários momentos que não tem qualquer familiaridade com o instrumento musical que finge tocar o filme inteiro.

Assim com tantos marinheiros de primeira viagem em filmes musicais sobra para Liza Minnelli a complicada tarefa de salvar musicalmente o filme, coisa que faz com raro brilhantismo. Não é de se estranhar já que Liza é um talento nato, que descende de uma linhagem de grandes cantoras. Ela se destaca pois tem talento musical para dar e emprestar ao resto do elenco. Apesar disso o filme não foi bem nem de bilheteria e nem de critica, que não comprou a idéia de Scorsese. Anos depois De Niro reconheceu os problemas do filme afirmando que já sabia que não daria certo pois Scorsese não tinha experiência com esse tipo de produção. Assim “New York, New York” foi sendo gradualmente esquecido até que Frank Sinatra resolveu resgatar a canção tema do filme, a transformando em um de seus maiores sucessos na carreira. Uma canção que virou símbolo da cidade de Nova Iorque sendo sempre lembrada em inúmeros filmes e comerciais até os dias de hoje. Um ícone cultural representativo de uma das maiores metrópoles do mundo.

New York, New York (New York, New York, Estados Unidos, 1977) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Earl Mac Rauch, Mardik Martin / Elenco: Liza Minnelli, Robert De Niro, Lionel Stander / Sinopse: O filme narra as duras lutas de um casal de artistas em Nova Iorque após o fim da segunda guerra mundial.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de março de 2024

Viagem Insólita

Infelizmente a série "Vegas" com Dennis Quaid foi cancelada ainda na primeira temporada. Isso me fez lembrar dos bons anos do ator no cinema, principalmente nas décadas de 80 e 90 quando estrelou filmes pra lá de interessantes. Quer um exemplo? Ora, basta lembrar desse sci-fi 80´s chamado "Viagem Insólita". Como não poderia deixar de ser a idéia partiu do mago Steven Spielberg (no auge de sua criatividade artística). Relembrando os clássicos de sua infância o diretor pensou em aproveitar o argumento de "Viagem Fantástica" para captar aquela inocência das ficções do cinema durante as décadas de 50 e 60. O espírito era justamente esse. Atuando como produtor executivo Spielberg acabou designando para a direção o seu pupilo Joe Dante de "Gremlins". Usando do melhor em termos de efeitos especiais da época o filme mostrava um grande projeto de minituarização. O conceito era tão radical que até mesmo uma nave e seu tripulante eram minituarizados para estudo e exploração do corpo de seres vivos. É justamente nesse programa mais do que ousado que entra o tenente Tuck Pendleton (Dennis Quaid).

Os problemas acabam acontecendo quando ocorre um ataque ao laboratório onde as pesquisas estão sendo realizadas. No meio do caos a nave miniatuarizada com Tuck é inserida no corpo de um homem hipocondríaco, inseguro e muito atrapalhado. Assim Tuck fica literalmente dentro do organismo de Jack Putter (interpretado pelo comediante Martin Short). O filme mescla duas linhas narrativas básicas. Numa delas acompanhamos o tenente Tuck em sua expedição de conhecimento do corpo humano. As cenas são extremamente bem realizadas e isso numa época em que efeitos digitais ainda eram experimentais. Na outra linha vamos acompanhando o complicado Jack tentando entender o que se passa com ele! Divertido, bem realizado e hoje em dia com claro sabor nostálgico do cinema dos anos 80, "Innerspace" se torna um ótimo programa em um fim de noite sem nada para assistir na TV. Se ainda não assistiu não perca!

Viagem Insólita (Innerspace, Estados Unidos,1987) Direção: Joe Dante / Roteiro:  Chip Proser, Jeffrey Boam / Elenco: Dennis Quaid, Martin Short, Meg Ryan / Sinopse: Um projeto de minituarização se torna alvo de um ataque terrorista, fazendo com que no meio da confusão uma nave e seu tripulante sejam inseridos dentro do organismo de um sujeito muito atrapalhado.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de março de 2024

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

Título no Brasil: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Título Original: Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Gary Oldman, Alan Rickman, Emma Thompson, Maggie Smith, Julie Christie

Sinopse:
Harry Potter (Daniel Radcliffe) retorna para Hogwarts, em seu terceiro ano na famosa escola de bruxos e magos. Agora terá que lidar com uma nova ameaça, após a fuga do assassino Sirius Black (Gary Oldman) da prisão de Azkaban. O objetivo do criminoso foragido e encontrar Potter para um desafio de vida ou morte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Trilha Sonora (John Williams) e Melhores Efeitos Especiais. Também indicado a nove prêmios da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, entre eles Melhor Filme de Fantasia, Direção e Ator Coadjuvante (Gary Oldman).

Comentários:
Considero um dos melhores filmes da franquia Harry Potter. Isso se deve muito ao elenco e à direção que foi entregue ao talentoso Alfonso Cuarón (cineasta mexicano que havia se destacado por dirigir, entre outros, "Grandes Esperanças", sendo que recentemente foi destaque por ter realizado o que para muitos é sua maior obra prima, "Gravidade"). Além da direção diferenciada e caprichada, essa produção contou ainda com um time de atores coadjuvantes de primeira linha, a começar por Gary Oldman (deitando e rolando como Sirius Black), Emma Thompson (que aceitou interpretar a professora Sybil Trelawney para impressionar sua filhinha de apenas quatro anos, fã assumida de Harry Potter) e Julie Christie (para quem não sabe, um mito da era de ouro do cinema americano, a eterna Lara de "Dr. Jivago", aqui dando vida a uma personagem meramente secundária, Madame Rosmerta). Outro destaque do elenco vem da estréia do ator Michael Gambon na pele do mago Albus Dumbledore. Ele assumiu o papel após a morte de Richard Harris, falecido em 2002 após concluir sua participação em "Harry Potter e a Câmara Secreta". Além desses ótimos atores e atrizes em cena, o filme ainda se destaca pela excelente direção de arte e pela trama, uma das melhores escritas por J.K. Rowling. Enfim, realmente se tivesse que escolher o melhor filme da franquia pensaria seriamente em apontar para esse, onde todas as peças parecem estar no lugar certo.

Pablo Aluísio.